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Vendas caíram 20% após mudança no trânsito, diz presidente da Saara, no Rio

Fantasias de carnaval são vendidas no Saara, área de comércio popular no centro do Rio, nesta época do ano - Erbs Jr./Frame/Estadão Conteúdo
Fantasias de carnaval são vendidas no Saara, área de comércio popular no centro do Rio, nesta época do ano Imagem: Erbs Jr./Frame/Estadão Conteúdo

Carolina Mazzi

Do UOL, no Rio

20/02/2014 13h11

O comércio popular da Saara (Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega), no centro do Rio de Janeiro, registrou queda de cerca de 20% durante os primeiros dias de fechamento do Mergulhão da Praça 15 e diversas mudanças implementadas pela prefeitura no trânsito da região. O dado é da própria associação de comerciantes. 

As modificações para a revitalização da zona portuária levaram ao fechamento do Mergulhão da Praça 15 e à transformação em mão dupla de parte da avenida Rio Branco, locais de grande fluxo para o centro.

A Saara, localizada no coração da região, também teve ruas afetadas, além de sofrer com o fluxo das principais avenidas e a eliminação de cerca de mil vagas de estacionamento.

Segundo Eno Bittencourt, presidente da associação, o trânsito caótico e o fechamento destas vagas para veículos nos arredores tem inibido a população, que prefere comprar em outras regiões da cidade. "Em 25 anos trabalhando aqui nunca vi nada igual, nenhuma obra afetar o comércio tão rapidamente", afirmou. 

As mudanças em pontos de ônibus e o trânsito lento, além da lotação dos transportes públicos e muita desinformação, têm atrapalhado a vida do carioca que precisa ir para o centro trabalhar.

Na manhã desta quinta-feira (20), uma falha de comunicação nas centrais que controlam os semáforos deixou a movimentação ainda mais difícil nas zonas sul, norte e no centro da capital fluminense. 

Porém, o caos não era necessário ou, pelo menos, poderia ter sido minimizado, afirma o engenheiro de tráfego José Rogério Leal, professor da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio.

"As mudanças não precisavam ter sido realizadas de forma tão radical. As intervenções são necessárias, mas deveriam ter sido feitas de forma modular, cada área por vez. Assim, os impactos para a população seriam muito menores”, afirma. “Mas, com o cronograma voltado apenas para as Olimpíadas, fica apertado."  

Além da pressa, a comunicação com o público é confusa e ineficiente, afirma o especialista. "Isso precisava ter sido avisado, explicado com antecedência. Deveria ter sido feito um trabalho de integração, por exemplo, com GPS. Mas o que você vê é a população sem saber para onde ir e os motoristas de ônibus desinformados", disse.  

A Secretaria Municipal de Transportes foi procurada para comentar o caso, mas não havia respondido à solicitação da reportagem até as 13h.

Prejuízo

O medo dos lojistas é perder as vendas do Carnaval, segunda época mais lucrativa do ano depois do Natal, segundo Bittencourt. "O próprio prefeito está pedindo para as pessoas evitarem o centro. Aí, com a lotação das linhas de metrô, ônibus e trem, só vem quem realmente precisa. Para as compras, as pessoas estão indo em outros locais", afirmou. 

Para ele, o prejuízo com as mudanças pode afetar todo o comércio da região central, não apenas o Saara. "Todo mundo perde com isso. A prefeitura perde também com arrecadação de impostos, caso os comerciantes vendam menos e tenham prejuízos".

Eno afirma que tem se encontrado com o secretário municipal de transporte, Carlos Osório, na busca por soluções para melhoria das vendas. "Nós conversamos com ele, que é um homem sério, e pedimos para que se restabeleça, pelo menos, parte dos estacionamentos e se estimule as compras por aqui", afirmou.