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Oitenta moradores de Valinhos são multados no 1º mês de racionamento

Barragem João Antunes dos Santos apresenta ligeira melhora, mas situação ainda preocupa em Valinhos - Divulgação/DAEV
Barragem João Antunes dos Santos apresenta ligeira melhora, mas situação ainda preocupa em Valinhos Imagem: Divulgação/DAEV

Fabiana Marchezi

Do UOL, em Campinas (SP)

07/03/2014 16h50

Ao menos 80 moradores de Valinhos (a 89 km de São Paulo) foram multados por desperdício de água, desde que o racionamento teve início na cidade, há um mês.

Mesmo com as chuvas dos últimos dias, a cidade já estendeu o racionamento até abril e não descarta a possibilidade de mantê-lo até o final do ano. Valinhos enfrenta o menor índice de chuva para fevereiro desde 1984.

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Até agora, a cidade registrou 87 mm de chuva, 43% abaixo da média de precipitação esperado para o período, que é de 181 mm. O pior índice na cidade foi em fevereiro de 1974, com 26 mm.

Segundo o Departamento de Águas e Esgotos de Valinhos (DAEV), desde o início do rodízio foram registradas cerca de 400 denúncias de desperdício por dia. O valor da multa, de R$ 336, pode dobrar em caso de reincidência.

As multas foram aplicadas depois que os fiscais flagraram o mau uso da água. As denúncias são investigadas e, caso fique constatado o consumo indevido, a autarquia emite a multa. Os moradores estão proibidos de molhar jardins, lavar quintais, calçadas e carros.

Segundo o DAEV, o cliente pode recorrer da multa, caso discorde da punição. O recurso será analisado e, caso seja indeferido, o valor é mantido e o consumidor fica na lista de devedores do departamento. A punição no município foi instituída no mesmo decreto que implantou o racionamento, no dia 7.

Apesar de a maioria das multas ser por lavagem de quintais, há alguns casos que vêm chamando atenção, como o de um morador surpreendido lavando o telhado da casa com máquinas de alta pressão de água. Ele foi alertado e multado. Ao saber o valor, voltou a lavar e foi multado mais duas vezes, sendo que a reincidência dobra o valor da multa – R$ 336.

Outro morador de Valinhos foi flagrado lavando um barco. Ele havia recém-chegado do litoral e também desdenhou da multa.

Desde o dia 7 de fevereiro, a cidade está dividida em sete áreas e cada uma delas fica sem água duas vezes por semana, durante 18 horas, entre 10h e 4h do dia seguinte.

O contador Joel Rangel, 58 anos, mora em um dos bairros afetados pelo rodízio e lamenta a situação. "É muito difícil ficar sem água”, diz. “As pessoas precisam ter mais consciência para a situação não piorar”.

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Na casa dele, desde o início do rodízio, está proibido limpar e repor a água da piscina, lavar quintal ou garagem e tomar banhos longos. “Só deixo lavar o que é realmente necessário, como os banheiros, e mesmo assim, economizando ao máximo. A água da piscina está super baixa e suja, mas não tem jeito. Não dá para desperdiçar com isso para depois faltar para o que realmente é necessário”, acrescentou.

Desde novembro, quando técnicos do Departamento de Operações observaram que a estiagem dava os primeiros sinais de que se prolongaria para além da normalidade histórica, o DAEV lançou uma campanha institucional nos meios de comunicação do município para informar e conscientizar a população sobre a importância de usar a água de forma racional.

Apesar dos esforços de grande parte da população, que abraçou a causa, o racionamento precisou ser adotado para evitar que as barragens secassem totalmente. Até as regiões da cidade abastecidas com água captada do Rio Atibaia, que tem a vazão controlada pelo Sistema Cantareira, e as que recebem água de poços profundos foram incluídas na manobra como medida mais justa e igualitária, sem privilegiar ninguém durante esse período de exceção no abastecimento.

Mesmo com a chuva nos últimos dias, o nível das represas que abastecem o município ainda é considerado baixo. Na Represa das Figueiras, por exemplo, que abastece 25% da cidade, nível está um metro abaixo do ideal. Um novo balanço para avaliar a continuidade ou não do racionamento está previsto para o mês de abril.

Desde o início do rodízio, o consumo diminuiu 20%, o que representa economia de 7 milhões de litros de água por dia. A média de consumo antes do racionamento eram 37 milhões de litros diários. No entanto, o DAE alerta que o volume economizado não é água reservada, já que a cidade está operando no limite.

O consumidor deve continuar economizando água até que a situação seja de fato resolvida.

Racionamento
O racionamento de água provocado pela estiagem atípica para esta época do ano já atinge 462 mil pessoas em seis municípios da região de Campinas (a 99 km de São Paulo). Moradores de Cosmópolis, Itu, Santo Antonio de Posse, São Pedro, Valinhos e Vinhedo já sentem as consequências da seca que atinge a região.