Topo

Forças policiais do Rio ocupam favelas do Complexo da Maré

Hanrrikson de Andrade e Henrique Coelho

Do UOL, no Rio

30/03/2014 05h00Atualizada em 30/03/2014 18h36

As polícias Militar e Civil do Rio de Janeiro deram início por volta das 5h deste domingo (30) ao processo de ocupação das 15 comunidades que formam o Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro. Cerca de 130 mil moradores residem no complexo, de acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública.

Em 15 minutos, a polícia deu a favela como ocupada, mas a ação continua. Não houve resistência, ainda de acordo com a secretaria. Cerca de 130 mil moradores residem no complexo, de acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública, em uma área equivalente a 4,3 km².

Forças de segurança ocupam Complexo da Maré

Pelo menos quatro pessoas foram presas durante a ocupação policial das 15 comunidades que formam o Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, neste domingo (30). Uma delas é Dayane Rodrigues, namorada do traficante conhecido como Menor P, chefe do tráfico em várias comunidades da Maré e que foi preso nesta semana na zona oeste do Rio.

Dayane protagonizou uma confusão envolvendo o jogador Bernardo, do Vasco, em abril do ano passado. Na ocasião, o jogador foi acusado por Menor P de manter um relacionamento com a jovem. Bernardo sofreu tortura psicológica e foi ameaçado de morte.

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), afirmou em entrevista coletiva que a ocupação das favelas é sinônimo de paz. "A Maré é uma cidade que se integra à cidade. Quantas pessoas estavam acostumadas a acordar, a conviver com uma pessoa de fuzil, vendo amigos irem indo para o crime, filhos sendo mortos? Quantas vezes a entrada da polícia na Maré era sinônimo de guerra?", questionou o governador. "Hoje, é sinônimo de paz."

A divisão de elite da PM, o Bope (Batalhão de Operações Especiais), está na linha de frente da ação e ficará responsável pelas comunidades Parque União e Nova Holanda. Homens do Batalhão de Choque, do BAC (Batalhão de Ações com Cães), do GAM (Grupamento Aeromóvel), entre outras unidades, participam da operação nas comunidades restantes.

O efetivo envolvido inclui 1.180 policiais militares e 132 civis, três helicópteros do GAM e um helicóptero da Polícia Civil, 14 blindados da Marinha e um caveirão do Choque. As ocorrências serão levadas para a 21ª DP (Bonsucesso).

A partir das 4h45 foram fechadas três vias: a pista lateral da avenida Brasil sentido Campo Grande, a Linha Vermelha sentido centro e a avenida Brigadeiro Trompowski sentido Ilha do Governador. A Linha Vermelha e a avenida Brasil já foram liberadas.

A reportagem do UOL acompanhou a apreensão, realizada com o auxílio de unidades caninas, de cerca de 200 trouxinhas de maconha e um tablete com cerca de 1,5 kg da droga na rua Ivete Vargas, comunidade Nova Holanda.

Maios de cem prisões em uma semana

As operações que acontecem nas favelas que formam o Complexo da Maré desde o dia 21 de março totalizaram 118 prisões, sendo 105 durante o cerco às favelas e 13 na ocupação desde domingo, segundo informou a Secretaria de Segurança Pública.

A retomada do território marca o início do processo de instalação de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). No entanto, isso só deve acontecer após a Copa do Mundo, de acordo com o planejamento do governo do Estado. A ideia é fazer com que os militares do Exército fiquem responsáveis pela ocupação permanente das comunidades até o segundo semestre.

As comunidades do complexo são: Praia de Ramos, Parque Roquete Pinto, Parque União, Parque Rubens Vaz, Nova Holanda, Parque Maré, Conjunto Nova Maré, Baixa do Sapateiro, Morro do Timbau, Bento Ribeiro Dantas, Vila dos Pinheiros, Conjunto Pinheiros, Conjunto Novo Pinheiros (Salsa&Merengue), Vila do João e Conjunto Esperança.

Sob nova direção

Fabiano Santos de Jesus, o "Zangado", assumiu a chefia do tráfico de drogas nas principais comunidades do Complexo da Maré após a prisão do irmão, o traficante Marcelo Santos das Dores, o "Menor P" --efetuada pela Polícia Federal na noite da última quarta-feira (26).

Irmão do dono - Reprodução/Jornal Extra - Reprodução/Jornal Extra
"Zangado" também é conhecido como "Pança" no Complexo da Maré. Após a prisão do irmão, Menor P, ele assumiu o comando do tráfico de drogas na região
Imagem: Reprodução/Jornal Extra

Segundo militares ouvidos pelo jornal "O Estado de S.Paulo", Zangado estava logo atrás de Menor P na hierarquia do tráfico de drogas na Maré. Ele também é conhecido na região como "Pança", e gerenciava, até a prisão do irmão, as bocas de fumo nas comunidades Baixa do Sapateiro e Salsa e Merengue. Zangado e Menor P são irmãos por parte de mãe.

De acordo com as informações obtidas pelo Exército, o novo chefe do tráfico tem uma postura menos prudente em comparação com o antecessor. Por esse motivo, os militares trabalham com a hipótese de que ele poderia buscar o enfrentamento com as tropas.

O braço direito do criminoso, Josias dos Santos Silva, o "Drogadão", atuava como segurança particular de Menor P e também possui posição de destaque no bando. O mesmo ocorre em relação a Thiago da Silva Folly, o "TH", apontado como gerente das bocas de fumo do Morro do Timbau e homem de confiança de Menor P.

A quadrilha pertence à facção TCP (Terceiro Comando Puro"), que comanda o tráfico de drogas em 11 das 16 favelas da Maré. Será a primeira ocupação de favelas dominadas pelo TCP. Até então, as UPPs haviam sido instaladas apenas em favelas controladas pela milícia e pelas facções Comando Vermelho e Amigos dos Amigos.

O Complexo da Maré é considerada uma das áreas mais violentas do Rio do Janeiro, onde um engenheiro morreu baleado na cabeça ao entrar por engano no local e onde dez pessoas morreram durante uma troca de tiros entre traficantes e policiais militares do Bope (Batalhão de Operações Especiais) no ano passado.

$escape.getH()uolbr_geraModulos($escape.getQ()embed-foto$escape.getQ(),$escape.getQ()/2014/dados-de-criminalidade-no-estado-do-rio---acumulado-2013-1395175818590.vm$escape.getQ())