Ação da polícia na Maré 'tira suspeitos do caminho', diz general
O general Francisco Modesto, comandante militar do leste e responsável pelos militares do Exército e da Marinha que passaram a ocupar o Complexo de favelas da Maré (zona norte do Rio), neste sábado (5), classificou o trabalho das forças estaduais como "muito bem feito".
Questionado sobre as 16 mortes em 15 dias de operações da Polícia Militar no local, em ações que preparam a entrada do Exército, Modesto disse que "o trabalho [da polícia] tira do caminho pessoas contrárias à lei e à ordem". O balanço das mortes foi divulgado pela Seseg (Secretaria de Estado de Segurança).
As declarações foram dadas ao UOL, hoje de manhã, por volta das 11h, durante cerimônia de formalização da atuação da da "Força de Pacificação", Palácio Duque de Caxias, onde fica o CML (Comando Militar do Leste), no centro da capital fluminense. O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), e o ministro da Defesa, Celso Amorim, assinaram os protocolos do acordo.
"Nós libertamos uma cidade de 130 mil moradores", declarou o governador.
Em sua fala, Pezão ainda lembrou os recentes ataques violentos às UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) de Manguinhos, Arará e Mandela, todas na zona norte do Rio, ocorrido no dia 20 de março, e agradeceu à presidente Dilma Rousseff pelo envio das tropas federais.
"Ninguém tem a utopia de achar que vencemos a guerra, mas estamos caminhando. Isso só será possível somando forças", afirmou o governador, usando o slogan de campanha de seu antecessor, Sérgio Cabral (PMDB), para o governo do Rio de Janeiro, "Somando Forças".
Já o ministro da Defesa, Celso Amorim, comparou a ocupação da Maré com a do Complexo de favelas do Alemão, em 2010, que também aconteceu com participação do Exército: "Atuaremos com o mesmo empenho como já aconteceu no Alemão", disse.
Para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também presente, as tropas federais "têm papel fundamental na segurança pública, mesmo não sendo o seu papel principal".
Ocupação
Com blindados do Exército e da Marinha, militares ocuparam o Complexo da Maré, que contempla 15 favelas da zona norte do Rio de Janeiro. A operação, batizada de "São Francisco", começou nas primeiras horas deste sábado (5), por volta das 6h20. Os militares vão patrulhar toda a região até o dia 31 de julho, em uma ação que dá suporte e antecede a implantação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) no local --a 39º do Estado-- ainda sem data definida para ser instalada.
A área, onde vivem cerca de 130 mil pessoas, foi efetivamente ocupada, pela Polícia Militar, no domingo (30), mas policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) começaram a reconhecer a área desde o último dia 21.
Em 15 dias de trabalhos, além das 16 mortes, oito pessoas ficaram feridas. Um montante de 101 armas foi apreendido, além de 2.252 munições e de grande quantidade de drogas, segundo balanço da secretaria, divulgado ontem à noite.
Os primeiros integrantes da chamada "Força de Pacificação" chegaram aos acessos do complexo por volta das 5h15, quando o clima ainda era o da noite anterior, com muitas pessoas bebendo na rua e música alta. Homens do Exército e da Marinha passaram a revistar carros, caminhões e moradores. Logo em seguida, por volta das 5h50, veículos blindados das Forças Armadas já se posicionavam nas saídas das comunidades.
Exército com poder de polícia
Com a operação de hoje, o patrulhamento permanente do complexo passa a ser feito por 2.700 homens do Exército, da Marinha e das polícias Civil e Militar do Estado.
O Exército terá poder de polícia para atuar na Maré por conta de uma GLO (Garantia de Lei e da Ordem). A maioria dos militares escalados (2.050 homens) faz parte da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército.
Além deles, participam da operação 450 fuzileiros navais da Marinha e 200 homens da PM, além de uma equipe avançada de policiais civis da 21ª DP (Bonsucesso).
A operação prevê a utilização de blindados do Exército e da Marinha e de aeronaves do Comando de Aviação do Exército, além de outras viaturas para o transporte e logística e motocicletas.
A base da tropa ficará baseada no CPOR-RJ (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro), localizado na Avenida Brasil, no bairro de Bonsucesso.
O prazo pode ser prorrogado em caso de solicitação do governo estadual e autorização da presidente Dilma Rousseff. A operação, batizada "São Francisco", é maior do que a realizada no Complexo do Alemão, também na zona norte do Rio, há quatro anos.
Efetivo é 200% maior
Com a ocupação das comunidades do Complexo da Maré pelas Forças Armadas, a área será patrulhada por cerca de 850 homens por turno.
O efetivo será quase 200% maior que os 300 policiais militares que atuavam por dia na região desde o último domingo. Isso porque a escala de trabalho das tropas federais é diferente da PM.
E o número pode aumentar rapidamente, visto que outros 850 homens estarão permanentemente de prontidão para agir em caso de necessidade.
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