Dançarino morto no RJ "era primeiro a chegar às gravações", diz Regina Casé
A apresentadora Regina Casé afirmou que o dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, era "sempre o primeiro a chegar às gravações" do programa "Esquenta", da "TV Globo", apresentado por ela aos domingos. "O DG nunca faltou a ensaio algum. (...) Era um menino muito alegre e criativo. Um excelente trabalhador", disse ela, nesta quinta-feira (24), durante o enterro do jovem. A cerimônia ocorreu no cemitério São João Batista, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro.
Douglas foi morto na favela Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na zona sul do Rio, na última segunda-feira (21). Segundo laudo do IML (Instituto Médico-Legal), o dançarino foi vítima de disparo de arma de fogo. Na ocasião, policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) travavam um confronto com traficantes de drogas. A Polícia Civil investiga a origem do disparo.
"Se eu não conhecesse o DG e visse aquele menino no noticiário, daquele jeito [referindo-se à imagem do corpo ensanguentado], eu ficaria chocada do mesmo jeito. (...) Ele foi muito importante para a gente na criação do Esquenta", afirmou Regina.
Amigos e familiares do jovem demonstraram grande revolta durante a cerimônia fúnebre. Eles gritavam palavras de ordem contra os policiais militares da Tropa de Choque designados para reforçar a segurança no cemitério. Apesar do clima hostil, não houve tumulto.
Emocionada, a mãe da filha da vítima, identificada apenas como Larissa, questionava: "O que eu vou dizer para a nossa filha? Levanta daí!". Ela foi amparada por amigos e familiares.
A mãe de DG, Maria de Fátima Silva, ficou revoltada com a presença de PMs no entorno do cemitério: "Eles mataram o meu filho e ainda têm coragem de vir para cá. Eu tenho nojo. Quem convidou eles? Eles querem confronto? Eu tenho o direito de me despedir do meu filho só com a família e os amigos dele".
Manifestação
Amigos e parentes do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, morto na favela do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na zona sul do Rio, realizam um protesto antes do enterro da vítima. O grupo, que saiu em passeata da comunidade em direção ao cemitério, vestia uma camisa personalizada com a foto de Douglas. Pelo menos 50 manifestantes gritavam palavras de ordem contra a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Pavão-Pavãozinho, e pediam "Justiça". A família acusa a Polícia Militar pela morte do jovem.
No começo do ato, os manifestantes passaram pela creche onde DG foi encontrado morto. Nesse momento, uma equipe da Polícia Civil realizava uma diligência no local. Os policiais foram hostilizados pelo grupo, que repetiu o grito de "Fora UPP". Não houve tumulto.
Na avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais vias do bairro, pelo menos 10 mototaxistas se juntaram ao protesto, que foi acompanhado de perto por policiais militares. Os PMs foram chamados de covardes pelos manifestantes. Algumas lojas fecharam as portas, mas não houve princípio de violência.
Das janelas dos prédios da avenida vieram muitas demonstrações de apoio, ovacionadas pelos manifestantes. O grupo também gritou uma frase ouvida com frequência em manifestações públicas: "Sem hipocrisia, essa polícia mata pobre todo dia".
Por volta das 13h45, o grupo chegou ao local onde o corpo da vítima estava sendo velado. Eles foram recebidos com aplausos pelos amigos e parentes de DG que já se encontravam no cemitério.
A movimentação dos manifestantes pelas ruas da zona sul foi acompanhada de perto por um grupo de turistas canadenses curiosos. "Nunca tinha visto nada como isso. Quando estudamos o Brasil na escola não imaginei que a situação estava assim. Mas eu acho bom que eles se manifestem pelo que acreditam", afirmou Breanne Philips. 17, que passou nove dias no Rio de Janeiro e volta ao Canadá nesta quinta.
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