Topo

'Nem vi de onde a primeira porrada veio', diz espancado em Araraquara (SP)

O ajudante-geral Mauro Rodrigo Muniz quase foi linchado em Araraquara, interior de São Paulo - Reprodução/EPTV
O ajudante-geral Mauro Rodrigo Muniz quase foi linchado em Araraquara, interior de São Paulo Imagem: Reprodução/EPTV

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

14/05/2014 16h28

O ajudante-geral Mauro Muniz, 37, espancado e quase linchado no domingo (11) após ser confundido com o irmão, que teria batido na mulher, recebeu alta da Santa Casa nesta quarta-feira (14) após quatro dias de internação na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Ele teve traumatismo craniano e fraturas pelo corpo e contou que chegou a temer pela vida. “Nem vi de onde a primeira porrada veio. Não deu tempo nem de ver de quem eu estava apanhando, muito menos de saber por que. Só lembro que teve muita gente em cima de mim, tive medo de morrer. Foi um covardia. Estou todo quebrado”, contou, em entrevista ao UOL.

O delegado responsável pelo caso, Elton Negrini, da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), já identificou sete pessoas que participaram da agressão. Todos irão responder por tentativa de homicídio - o delegado afirmou que irá pedir a prisão preventiva de cinco agressores, maiores, e a apreensão de dois menores.

Muniz contou ainda que foi agredido após saber que uma turma de vizinhos estava querendo bater em seu irmão e que uma irmã dele foi falar com o grupo para evitar um possível confronto. Ele temeu que os vizinhos fossem agredir sua irmã e se dirigiu à porta da casa, mas, antes de conseguir falar, levou uma paulada.

A partir dai, conta, ele apagou e não se lembra de nada. “Levei uma paulada e não me lembro de nada. Fui acordar todo dolorido, todo quebrado, no hospital”, disse. “Agora estou bem, o pior já passou.”

O ajudante-geral informou ainda que, apesar da alta, não tem prazo para voltar ao trabalho. “Mal está dando para respirar, imagine trabalhar. Acho que vou ter que ficar alguns meses de molho até as fraturas se curarem”, disse. A mãe, Maria Muniz, comemorou a volta do filho. "Foi um susto muito grande, mas, graças a Deus, meu filho está bem. Todo quebrado e machucado, mas pelo menos está vivo", disse.

Investigação

De acordo com a polícia, o caso ocorreu na noite de domingo, quando a família de Muniz estava reunida para celebrar o Dia das Mães. Em determinado momento, o irmão de Mauro, Luciano, começou a brigar com a mulher, Adriana, e tentou agredi-la. Ela reagiu. Ele empurrou a mulher para a rua, dando nela socos e pontapés. A mulher então recorreu a vizinhos.

Foi ai que cerca de 20 pessoas tentaram linchar Luciano, mas ele conseguiu fugir. Mesmo assim, as pessoas não desistiram e foram até a casa da mãe dele. Nesse momento, Vanessa, irmã de Mauro e Luciano, chegou até o portão e tentou demover a turba da ideia. Na sequência, Mauro foi até o portão e foi agredido. A irmã também foi agredida, mas foi atendida e liberada na mesma hora.

Luciano deve ser indiciado por lesão corporal, mas só irá prestar depoimento depois que a Polícia Civil de Araraquara ouvir todas as testemunhas do caso.

Segundo o delegado, duas testemunhas afirmaram em depoimento à polícia que os agressores sabiam que Mauro era inocente, mesmo assim optaram pela agressão. Também em depoimento, a cunhada de Mauro afirmou que ele não teve nada a ver com a agressão.