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Donos levam seus animais de estimação para fazer trilhas na mata

Na imagem, a empresária Larissa Rios, organizadora de eventos para lazer com pets, posa com as cadelas da raça golden retriever, Cleo (esq.) e Alegria (dir.) - Monalisa Lins/BOL
Na imagem, a empresária Larissa Rios, organizadora de eventos para lazer com pets, posa com as cadelas da raça golden retriever, Cleo (esq.) e Alegria (dir.) Imagem: Monalisa Lins/BOL

Daniel Santos

do BOL, em São Paulo

19/05/2014 11h47

Sabe aquele famoso “aperto no coração” que os donos sentem ao deixar seus animais de estimação sozinhos durante uma viagem ou passeio? Hoje em dia, ele pode ser cada vez menos frequente. Isso porque empresas especializadas já promovem excursões e viagens que juntam os donos e os pets em programas divertidos no meio da natureza.

E não há limites para a diversão. Se for um passeio de final de semana, por exemplo, os pets podem fazer rafting (descida de corredeiras com botes infláveis), stand up paddle (surf com remo), passeios de barco e trilhas no meio da mata. As sugestões podem parecer radicais e até assustam os donos no começo, mas tudo é feito com segurança.

No sábado (10), um grupo de 30 cachorros se encontrou no Acampamento Ranieri, em São Lourenço da Serra (SP), para uma trilha no meio da mata.

Entre olhares orgulhosos de donos veteranos e ansiosos dos que levavam os animais de estimação pela primeira vez, os pets percorreram uma trilha que os levou até um lago, para deixar a brincadeira ainda mais divertida.

Donos “adestrados”

Golden na água - Monalisa Lins/BOL - Monalisa Lins/BOL
Você sabia que golden retrievers têm "DNA de peixe"? A pergunta é só uma brincadeira para ilustrar o quanto cães desta raça são apaixonados por água. Seja em piscina ou lagos, os pets têm grande afinidade com exercícios aquáticos e se mostram nadadores natos - são uma espécie de "César Cielo de quatro patas". Val Alves, personal dog trainer e especialista em comportamento canino da Gang do Zeca, explica que o fascínio dos pets por água é explicado mesmo pelo DNA da raça. Mas ela ressalta que eles não nascem "nadadores". "O dono precisa estimular sem forçar. Eles precisam de confiança para descobrir que gostam de água. Depois que são 'picados' pelo 'bichinho aquático', ninguém segura", brincou Val.
Imagem: Monalisa Lins/BOL

A atividade, voltada somente para cães, de todas as raças e tamanhos, foi promovida pela agência Turismo 4 Patas, precursora do chamado "turismo animal", que organiza roteiros para os bichinhos e presta consultoria com orientações para passeios mais longos, como viagens. Larissa Rios, proprietária da empresa e organizadora da trilha, explica que, no começo, a excursão deixa os donos receosos – afinal, a natureza não é um ambiente totalmente controlável -, enquanto os bichos se sentem muito à vontade e não perdem oportunidade de explorar cada momento da aventura.

A designer Babi Marruecos, 55, é veterana em passeios com cães. Dona de quatro pets da raça border collie, ela conta que descobriu por acaso que podia desfrutar de momentos divertidos ao lado dos peludos. “Eu estava navegando na internet e vi um anúncio. Cliquei de curiosidade e simpatizei com a ideia”, conta.

A primeira trilha foi em 2011, e a agenda dos “melhores amigos” já conta com outros eventos radicais.

“Percebi que essas atividades fazem bem a eles. Um dos meus cães, por exemplo, o Alfredo, de 5 anos, ficou mais dócil. Ele era muito provocador em casa. Agora ele é mais sociável”, falou a designer.

Já a agente de segurança judiciária Gilzamara Rosa decidiu participar da trilha para também ter um momento de lazer, já que “quase nunca sai de casa”. Dona de três cadelas, ela decidiu levar apenas a fox paulistinha Athena para ver se daria conta da “filha” na aventura.

Sobre o receio mencionado por Larissa, o adestrador Marcelo Miranda revelou uma curiosidade sobre o trabalho comportamental antes das atividades. “Na verdade, o trabalho que a gente faz é mais voltado para os donos, que chegam com medo, com muitas preocupações. Ansiosos, eles esquecem que o passeio vai ser muito natural para os bichos, pois eles estão no meio da natureza, que reacende o instinto deles, que geralmente sabem até onde ir. Na verdade, a gente 'adestra' os donos”, brincou Miranda.

Depois da caminhada, Gilzamara falou sobre a experiência. “Eu estava enganada. Achei que a Athena teria problemas de comportamento, pois ela nunca esteve com um grupo de cães. Mas ela se divertiu bastante, e até eu, que não estava muito preparada fisicamente, gostei bastante”, contou.

Segundo Gilzamara, na próxima trilha – "já está decidido" -, Athena terá a companhia das “irmãs”, cadelas maltês e poodle.

Já pensou em viajar com o seu pet?

Além de fazer passeios mais curtos, os pets também ganharam a estrada e já podem viajar com os donos, seja de carro, ônibus ou avião.

Mas antes é preciso familiarizar o bicho com as novidades, segundo Val Alves, personal dog trainer e especialista em comportamento canino da Gang do Zeca, que promove passeios radicais com pets.

Ela explica que, além de pensar na saúde e condições físicas do animal, é necessário fazer um treino com o bichinho. Em viagens de ônibus e avião, os animais são transportados em uma caixa. “É importante treinar o bicho, deixar ele se familiarizar com a caixa. Geralmente, eles se acostumam facilmente. É muito rápido para a caixa virar uma ‘toquinha’ para eles”, orienta.

Em passeios de carro, os bichinhos também podem ser transportados em caixas ou com a ajuda de cinto de segurança próprio para animais.

Passaporte para trânsito de cães e gatos

Desde fevereiro de 2014, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento começou a emitir passaporte para cães e gatos. O documento, que pode substituir o atual Certificado Veterinário Internacional (CVI), não é obrigatório. Mas a vantagem é que o passaporte reúne todas as informações do animal em um só documento.  Para solicitar, é preciso ir até as unidades do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), situadas em aeroportos, portos e postos de fronteira nos estados. O prazo de emissão é de 30 dias. Antes da viagem, é necessário que um veterinário implante um microchip no pet para facilitar sua identificação em qualquer país - o dispositivo tem o tamanho de um grão de arroz e é implantado em menos de 30 segundos no pescoço do animal.