Anônimos, dissidentes que paralisaram ônibus em SP querem reajuste maior
Os motoristas e cobradores que paralisaram centenas de linhas de ônibus e fecharam 15 terminais em São Paulo nesta terça-feira (20) pertencem a uma dissidência da atual direção do Sindimotoristas --que representa a categoria na capital paulista-- que, até agora, preferiu manter-se no anonimato.
O pouco que se sabe do grupo dissidente é que eles exigem um reajuste maior do que os 10% propostos pelas empresas de ônibus e aprovados na última segunda-feira (19) em assembleia da categoria que reuniu milhares de trabalhadores.
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Segundo José Valdevan, o Noventa, presidente do Sindimotoristas, a categoria abriu negociação com as empresas exigindo 13% de reajuste. O sindicato reúne 37 mil trabalhadores (20 mil motoristas e 17 mil cobradores) e tem orçamento anual de cerca de R$ 16 milhões.
Inicialmente, o SP Urbanuus, sindicato patronal das empresas de ônibus, ofereceu 5,2% de reajuste, equivalente à inflação do último ano. Diante da recusa dos trabalhadores, o sindicato patronal subiu a proposta de reajuste para os 10%.
Também foi oferecido aumento de R$ 1,20 no vale-refeição diário, que passou de R$ 15,30 para R$ 16,50, além de uma parcela fixa anual de R$ 850, referente à participação nos lucros e resultados (PLR). O acordo também prevê o reconhecimento de insalubridade, que permitirá aos motoristas e cobradores se aposentar com 25 anos de trabalho (atualmente o tempo de serviço é de 35 anos para homens e 25 para mulheres).
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Ainda foi acordado que as mulheres terão direito a licença-maternidade de 180 dias e que haverá melhoria na qualidade dos produtos da cesta básica.
O motorista Denilson Roberto, que participou das paralisações, disse que os dissidentes querem reajuste de 20%. “O aumento foi muito pouco. VR [vale-refeição] muito pouco. Prometeram 20% [de reajuste], mas só deram 10%. Se a gente não fizer essa manifestação, a gente não vai para lugar nenhum”, disse.
Outros dissidentes disseram ao longo do dia, em entrevistas à imprensa, que querem reajuste de no mínimo 15%. “Eles não falam coisa com coisa. Tem um monte de conversa aí, mas até agora ninguém apareceu para dizer o que quer. Só mandaram recado”, afirmou Noventa.
O sindicalista afirmou ainda não saber quem é o “grande mentor” da paralisação, mas disse acreditar que os líderes da dissidência trabalham nas viações Sambaíba, Gato Preto e Santa Brígida.
Valdevan disse que há entre os dissidentes motoristas e cobradores que participaram da gestão anterior, à qual a atual direção fez oposição, e alguns do grupo que atualmente comanda o sindicato. “Alguém está por trás para desgastar a gente.”
Segundo o presidente do sindicato, o grupo dissidente promete manter a paralisação amanhã.
Valdevan afirmou que não acredita na participação de Isao Hosogi, o Jorginho, ex-presidente do sindicato e um de seus adversários. Em julho passado, a chapa de Valdevan derrotou a de Jorginho. Na véspera das eleições, o grupo comandando por Valdevan bloqueou 17 terminais de ônibus. No dia da apuração dos votos, houve troca de tiros no sindicato, com ao menos oito baleados.
De acordo com o Ministério Público, a disputa pelo comando do sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus na capital paulista já matou 16 pessoas nos últimos 20 anos.
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