Após forte protesto, PM ocupa favela próxima ao estádio da Copa em Curitiba
Um batalhão de 80 policiais militares ocupa desde o final da tarde de quinta-feira (5) a Vila Torres, em Curitiba, uma favela às margens da avenida das Torres -- corredor que liga o aeroporto de Curitiba ao centro e à Arena da Baixada, o estádio curitibano da Copa do Mundo. Segundo a PM (Polícia Militar) do Paraná, o objetivo da ação é combater pequenos traficantes de drogas.
A operação, porém, ocorre dois dias depois de um protesto de moradores bloquear o trânsito na avenida. Na última terça-feira (3), a comunidade organizou uma manifestação de repúdio a uma ação da PM ocorrida no dia anterior, quando um garoto de 16 anos havia sido morto por policiais após um assalto. Para os moradores, o jovem foi executado. A PM informa apenas que o caso está sendo investigado pela Polícia Civil.
Os manifestantes armaram uma barricada na passagem de nível da rua Chile, transversal à avenida das Torres e que serve de entrada para a vila. Pararam um ônibus e ordenaram aos passageiros que descessem, para em seguida incendiar o veículo. A Guarda Municipal e a Polícia Militar foram acionadas. Houve confronto. Os policiais dispararam bombas de gás e balas de borracha, enquanto os moradores responderam com pedras e paus.
Com a chegada de carros de polícia do Bope, os manifestantes fugiram para dentro da favela. De lá, começaram a ocorrer disparos de arma de fogo e rojões contra a polícia. O confrontos duraram até o início da madrugada. A avenida das Torres ficou parcialmente bloqueada e teve pontos de lentidão ao longo de todo o horário de pico.
Ontem, o batalhão da PM entrou na favela com o apoio da Rotam (Rondas Ostensivas Tático Móvel) e da Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas), além da cobertura aérea feita por helicóptero. Foram abordados bares, comércio, veículos e moradores em busca dos criminosos.
“A ação não tem ligação com o protesto que houve recentemente na vila, já estava programada”, diz o major Iberaci Aparecido Pontes, subcomandante do 12º BPM (Batalhão da Polícia Militar). No balanço inicial, o único detido foi um homem que se recusou a apresentar os documentos do veículo e foi preso por desacato.
A PM também nega que a operação esteja relacionada a garantias de segurança por conta da Copa do Mundo. “É uma ação contínua para combater a criminalidade. Esse trabalho já tem sido feito desde o início do mês, toda a semana temos realizado operações na área central de Curitiba”, explica o major. O primeiro jogo em Curitiba ocorre no dia 16, entre Irã e Nigéria.
A Vila Torres é próxima ao centro de Curitiba e fica a 3 km da Arena da Baixada. É um dos maiores focos de criminalidade na capital paranaense. A avenida das Torres, que se estende por 15 km desde o aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana, até o centro da capital, recebeu um dos maiores pacotes de investimentos em infraestrutura para a Copa. A entrega das obras acontece neste sábado (7), em cerimônia que ocorrerá a 1 km do local do confronto.
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