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Ativistas presos fabricavam bombas usadas em protestos no Rio, diz jornal

Manifestantes utilizaram coquetéis molotov para enfrentar a polícia em protesto no Rio, em junho desse ano - AP Photo/Leo Correa
Manifestantes utilizaram coquetéis molotov para enfrentar a polícia em protesto no Rio, em junho desse ano Imagem: AP Photo/Leo Correa

Do UOL, no Rio

21/07/2014 12h23

O inquérito da Polícia Civil do Rio sobre atos de violência em protestos indica, segundo reportagem do jornal "O Globo" publicada nesta segunda-feira (21), que o grupo de manifestantes investigados se organizava a fim de fabricar e distribuir bombas, coquetéis molotov e ouriços (peças feita com pedaços de vergalhões).

Ainda de acordo com o jornal, a DRCI (Delegacia de Repressão a Crimes de Informática) constatou que o armamento seria utilizado para ferir policiais militares e furar os pneus dos carros da PM. O grupo planejava um suposto ataque para o dia da final da Copa do Mundo, 13 de julho, diz o jornal.

Com base no relatório, a Justiça decretou na última sexta-feira (18) a prisão preventiva de 23 pessoas --cinco estão detidas em Bangu, na zona oeste da capital fluminense, e 18 são consideradas foragidas. Ontem (20), o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio) negou habeas corpus para todos os réus.

No inquérito, a Polícia Civil argumenta que o grupo, supostamente liderado pela ativista Elisa de Quadros Pinto Sanzi, a "Sininho", se dividia por meio de comissões. A principal delas, a de organização, tinha à frente a professora universitária Camila Rodrigues Jourdan, de acordo com "O Globo".

Em uma escuta telefônica autorizada pela Justiça, captada no dia 28 de junho do ano passado, Camila demonstraria, segundo áudio obtido pelo jornal, irritação pelo fato de a Polícia Militar ter apreendido, naquele dia, artefatos explosivos e ouriços que seriam utilizados em uma suposta manifestação. De acordo com "O Globo", Camila afirma a um interlocutor que a ação policial representava "três dias de trabalho jogados fora".

A investigação, que começou em setembro de 2013, é fundamentada no monitoramento de telefones e e-mails entre os manifestantes. Em um outro diálogo, também divulgado pelo jornal "O Globo", um dos investigados diz ter acertado um artefato explosivo em um policial militar. No inquérito, relata o jornal, esse mesmo manifestante é citado na transcrição de uma escuta telefônica, na qual ele diz que mataria um PM no dia da final da Copa.

Os 23 com prisão decretada pela Justiça são: Elisa de Quadros Pinto Sanzi, a "Sininho", Luiz Carlos Rendeiro Junior, o "Game Over", Gabriel da Silva Marinho, Karlayne Moraes de Souza Pinheiro, a "Moa", Eloysa Samy Santiago, Igor Mendes da Silva, Camila Aparecida Rodrigues Jourdan, Igor Pereira D'Icaray, Drean Moraes de Moura Corrêa, o "DR", Shirlene Feitoza da Fonseca, Leonardo Fortini Baroni, Emerson Raphael Oliveira da Fonseca, Rafael Rêgo Barros Caruso, Filipe Proença de Carvalho Moraes, o "Ratão", Pedro Guilherme Mascarenhas Freire, Felipe Frieb e Carvalho, Pedro Brandão Maia, o "Pedro Punk", Bruno de Sousa Vieira Machado, André de Castro Sanchez Basseres, Joseane Maria de Freitas, Rebeca Martins de Souza, Fábio Raposo Barbosa e Caio Silva Rangel (os dois últimos cumprem pena pela morte do cinegrafista da "Band" Santiago Andrade, morto após ser atingido na cabeça por um artefato explosivo durante uma manifestação no Rio, em fevereiro).

Asilo político

A advogada Eloísa Samy foi na manhã desta segunda-feira (21)  ao Consulado-Geral do Uruguai para pedir asilo político ao país vizinho. Ela pediu asilo também para o jovem David Paixão, por quem é responsável legal.

A informação foi divulgada pelo DDH (Instituto de Defensores de Direitos Humanos), organização não governamental da qual Eloísa Samy faz parte. Segundo o DDH, o objetivo da advogada é conseguir o asilo para defender-se, em liberdade, das acusações que são feitas pelo Ministério Público.