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Pnad: mulheres são maioria entre pessoas com mais de 60 anos

Aliny Gama e Paula Bianchi

Do UOL, em Maceió e no Rio

18/09/2014 10h00Atualizada em 22/09/2014 16h53

É difícil encontrar a aposentada Anita Barros em casa. Aos 78 e viúva, ela mora sozinha, participa de grupos da terceira idade, toca violão e flauta e ainda arruma tempo para sair com as amigas. “Gosto de receber minhas filhas, genros e netos em casa para almoço, mas também passeio com minhas amigas e gosto de viajar”, diz a moradora de Maceió.

Até os 62 anos, apaixonada por dançar, a moradora de Maceió (AL) ia todos os anos para o Carnaval de Salvador (BA). "Minhas filhas deixaram de me levar, mas mesmo assim eu gosto de dançar e vou para as festas da terceira idade", afirma a aposentada, que tem quatro filhas, oito netos e um bisneto.

Anita faz parte do novo perfil de idoso identificado pela Pnad 2013 (Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios), divulgada na manhã desta quinta-feira (18), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que mostra um Brasil cada vez mais velho e feminino.

Apesar de nascerem mais meninos --em 2013, 6,9% da população brasileira eram crianças entre 0 e 4 anos do sexo masculino, contra 6,2% do sexo feminino na mesma idade--, as mulheres representam hoje a maior parte das pessoas de 60 anos ou mais. São 14,1% (14,6 milhões de indivíduos), contra 11,9% dos homens (11,7 milhões) nesta faixa etária.

Maria Lúcia Vieira, gerente da pesquisa, atribui esta diferença, entre outros fatores, à menor taxa de mortalidade feminina em acidentes e ao fato de homens estarem mais sujeitos à violência. No entanto, ela prevê mudanças.

"Temos percebido um aumento no número de doenças associadas ao estresse, hoje mais comuns aos homens, entre as mulheres, o que pode fazer com que essa diferença diminua”, afirma.

A aposentada carioca Lucinda Correia Loureiro, 70, divide seu tempo entre o trabalho voluntário, cuidar do neto e sair com os amigos e faz questão de usar o tablet e o computador para se manter atualizada.  - Fabio Teixeira / UOL  - Fabio Teixeira / UOL
A aposentada carioca Lucinda Correia Loureiro, 70, divide seu tempo entre o trabalho voluntário, cuidar do neto e sair com os amigos e faz questão de usar o tablet e o computador para se manter atualizada
Imagem: Fabio Teixeira / UOL

Para a carioca Lucinda Correia Loureiro, 70, a imagem da mulher idosa que fica em casa e não tem atividades está ultrapassada. “Mexer como o jovem se mexe é meio difícil, mas faço tudo sozinha”, diz.

Aposentada, ela se divide entre o trabalho voluntário, cuidar do neto e sair com os amigos e faz questão de usar o tablet e o computador para se manter atualizada. “Aqui na Tijuca [bairro da zona norte do Rio de Janeiro] tem velho para caramba e estão todos na rua.”

A pesquisadora Maria Lúcia lembra ainda que o aumento no número de idosos é uma tendência observada há bastante tempo. Assim a pirâmide etária brasileira caminha para ter uma base cada vez mais estreita e o topo mais largo. 

Nos últimos dez anos, a população com 60 anos ou mais pulou de 9,7% do total de brasileiros em 2004 (17,7 milhões) para 13% em 2013 ( 26,3 milhões). O aumento é equivalente à população do Ceará, segundo dados do Censo 2010.

O Sul do país é a região com o maior número de pessoas com 60 anos ou mais – eles representam 14,5% da população (4,2 milhões de pessoas), contra os 8,8% da região Norte (1,5 milhão), que tem a população mais jovem. 

Intervalo de confiança

Por ser uma pesquisa por amostra, as variáveis divulgadas pela Pnad estão dentro de um intervalo numérico, que é o chamado "erro amostral". Segundo o IBGE, não há uma margem de erro específica para toda a amostra. Para a Pnad 2013, foram ouvidas 362.555 pessoas em 148.697 domicílios pelo país.