Facção criminosa mira agora alvos no interior de SC; já são 105 ataques
A facção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (PGC) está escolhendo alvos apenas no interior, para fugir do policiamento reforçado em Florianópolis, capital de Santa Catarina. É o que aponta relatório da Polícia Militar, divulgado na manhã deste sábado (11).
Com três novos ataques durante a noite de sexta (10) e madrugada de hoje, eleva-se para 105 o total de incidentes na terceira onda de violência. Florianópolis teve o último ataque no domingo (5), quando o balanço estava em 83.
Um policial militar foi atacado a tiros em Camboriú (80 km de Floripa) e um caminhão de mudanças foi incendiado em São Bento do Sul (251 km da capital). Não houve vítimas.
Segundo a Secretaria de Segurança, o PGC iniciou os ataques a ônibus, policiais e instalações públicas, em 26 de setembro, supostamente para obrigar a polícia a parar de combater o narcotráfico, o que estaria abalando as finanças da organização.
A coronel PM Claudete Lemhkuhl diz que "a diferença entre os ataques dos anos anteriores e os de agora é que os bandidos querem o impossível, querem que a polícia pare de combater o crime. Isto nunca vai acontecer. Mas, a violência está diminuindo (desde o domingo do primeiro turno). Nossa inteligência analisa cada novo caso, para ver se há mesmo conexão do PGC. Muitas vezes é ação de vândalos, que aproveitam a crise para cometer os delitos".
Nas duas ondas de violência similares (2012 e 2013), os criminosos queriam forçar o governo a conceder regalias para líderes da facção, presos nas cadeias de São Pedro de Alcântara, Joinville, Blumenau e Criciúma.
O Ministério da Justiça apoiou as autoridades estaduais. Uma tropa da Força Nacional de Segurança ocupou os presídios e removeu 40 líderes para fora do Estado, cortando os laços deles com as ruas. Os ataques cessaram.
Desta vez, a Secretaria de Justiça demorou 10 dias para reconhecer que os ataques também saíam das cadeias. O governo do Estado novamente pediu ajuda ao Ministério da Justiça. Na véspera das eleições, a Força Nacional de Segurança e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) reforçaram a segurança da capital, epicentro da violência.
No sábado (4), a Secretaria de Justiça identificou 20 presos como autores das ordens dos ataques --seriam novas lideranças do PGC, até então atuando fora do radar da polícia. Eles foram transferidos para Rondônia, mas os ataques não cessaram.
Desde então, os ataques se deslocaram para o interior - chegando até na pequena Agrolândia, de 9.000 habitantes.
A polícia já prendeu 76 pessoas. As ações atingiram 32 cidades, em 16 dias. 41 ônibus foram queimados. Dois suspeitos morreram em confrontos com a PM. Um agente prisional foi assassinado, crime ainda não solucionado.
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