Manifestantes pró-parque Augusta protestam em frente à Prefeitura de SP
Cerca de 300 manifestantes que defendem a abertura do parque Augusta protestaram, durante uma hora, em frente à Prefeitura de São Paulo, na região central, após a reintegração de posse do terreno, realizada na manhã desta quarta-feira (4).
A área, de 25 mil metros quadrados, estava aberta e ocupada por ativistas desde 17 de janeiro. A reintegração atendeu a uma ação judicial movida pelas construtoras Cyrela e Setin, donas do imóvel.
A reintegração foi concluída por volta das 9h com o apoio de cerca de cem policiais militares. Em seguida, os manifestantes fizeram uma passeata e chegaram em frente à sede da administração municipal às 10h40. No trajeto, fizeram a malhação do boneco do "especulador imobiliário".
Representantes do movimento disseram que o secretário de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, se dispôs a recebê-los, mas o convite foi recusado porque os ativistas reivindicavam um encontro somente com o prefeito, Fernando Haddad (PT), ou com a vice, Nádia Campeão (PC do B). No entanto, integrantes do Organismo Parque Augusta se reuniram com Padilha à tarde.
"Não vamos aceitar a omissão dele [Haddad] no parque Augusta", disseram os manifestantes em jogral realizado no viaduto do Chá, que ficou interditado nos dois sentidos; a polícia começou a desbloquear a região por volta das 11h40. "O movimento não quer a posse do parque. Queremos o acesso público a ele", disse Camilo Oliveira, integrante do Organismo Parque Augusta.
Com o fim do protesto, parte do grupo de manifestantes se dirigiu ao Vale do Anhangabaú, onde plantaram mudas de árvores.
Reintegração
Durante a reintegração, alguns manifestantes reclamaram que os policiais chegaram a bater neles com cassetetes na porta do parque. Usando escudos, a Tropa de Choque da PM se dirigiu para a entrada do parque pela calçada da rua Marquês de Paranaguá. "Eu estava parada perto da porta, e já vieram [os policias] para cima, batendo. Não tenho arma nenhuma", conta Isabela Alzira, que sofreu ferimentos na perna direita.
"Não presenciei agressão a manifestantes. Pelo contrário, fomos [policiais] agredidos com abacates e mastros de bandeiras", disse o major da PM Luiz Augusto Pacheco Ambar, responsável pela reintegração.
Houve um princípio de tumulto e a maior parte dos manifestantes, que já estava do lado de fora do terreno, passou a gritar: "Sem violência! Sem violência!".
Ativistas protestam contra reintegração no parque Augusta
Entenda a polêmica
A prefeitura criou o parque por decreto em dezembro de 2013. Na mesma época, as construtoras fecharam os acessos ao terreno.
A área possui árvores e edificações remanescentes do antigo colégio Des Oiseaux tombadas desde 2004 pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo). O bosque do parque Augusta é considerado um oásis de mata atlântica no centro da capital paulista.
O mesmo Conpresp aprovou, no fim de janeiro, o projeto das construtoras de erguer três prédios de uso misto e implantar o parque, que teria administração privada. As torres ocupariam um terço do terreno.
Moradores da região e ativistas reivindicam, porém, a implantação do parque na totalidade da área e se opõem à construção de prédios. Nos 45 dias em que o terreno ficou aberto, os ativistas desenvolveram uma programação de atividades no parque.
A construção dos prédios ainda depende do aval de órgãos da prefeitura. No dia 13 de fevereiro, o Ministério Público Estadual e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), anunciaram que o dinheiro repatriado de bancos estrangeiros que movimentaram recursos do ex-prefeito e deputado federal Paulo Maluf (PP) poderá ser usado na desapropriação do terreno a fim de implantar o parque, com administração pública e sem a construção de torres. (Com Estadão Conteúdo)
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