A cada manifestação, MPL e Polícia Militar mudam de estratégia
Em cada um dos três atos contra o aumento da tarifa de transporte coletivo em São Paulo ocorridos em janeiro, o Movimento Passe Livre e a Polícia Militar mudaram suas estratégias. No primeiro grande protesto da sexta-feira (8) houve confronto entre black blocs e policiais militares. O segundo, da terça-feira (12), foi marcado por cenas de repressão policial. Já na última de quinta-feira (14), não houve violência durante as passeatas. O principal caso de tumulto foi registrado apenas após o fim do protesto já na dispersão da passeata da avenida Paulista, quando oito pessoas foram presas sob acusação de vandalismo na estação do metrô Consolação.
Até o último protesto, o MPL só revelava os trajetos minutos antes do começo de cada passeata, postura adotada pela organização desde as grandes mobilizações iniciadas em junho de 2013. Porém, dessa vez, a organização decidiu divulgar no Facebook os percursos das passeatas que começaram no Theatro Municipal (centro) e no largo da Batata (zona oeste), apesar de não informar oficialmente à polícia. O movimento também decidiu fazer duas grandes concentrações com passeatas para diferentes direções, ao contrário dos dois primeiros.
"Nossa decisão de divulgar o trajeto era para deixar claro que se a manifestação não seguisse seu caminho seria por culpa exclusiva da Polícia Militar, que já havia impedido, de maneira autoritária, a realização dos atos anteriores" disse o estudante de ciências sociais Matheus Preis, integrante do MPL responsável por negociar o andamento das passeatas com os representantes da PM.
No ato de terça (12), que acabou com várias bombas disparadas pela PM e a passeata não chegou a ocorrer, os black blocs estavam mais contidos que no primeiro ato, quando eles puxavam de maneira mais ostensiva a passeata. Essa diferença se deveu também à própria ação da polícia que não deixava manifestantes se aproximarem da concentração na praça dos Ciclistas e intensificou as revistas.
Por parte da Polícia Militar, era possível perceber a mudança de postura na quinta-feira, com os policiais mais contidos. Além de não interferirem no trajeto divulgado pelo MPL, os policiais militares evitavam, por diversas vezes, o confronto físico com os integrantes da linha de frente da manifestação.
"A vanguarda e retaguarda da PM mantinham uma distância considerável dos manifestantes. Os agentes da Caep (Companhia de Ações Especiais, conhecida como "Tropa do Braço") ladeavam o protesto, mas permitiam o fluxo lateral de pessoas e não demonstravam uma atitude de combate", afirma Josias Filho, da organização civil Observadores Legais, que monitora desde 2014 o comportamento das forças de seguranças em manifestações de rua.
Por outro lado, poucos militantes mostravam uma postura de confronto na quinta-feira. No primeiro ato, no dia 8, era possível notar que os blacks blocs constituíam a linha de frente das manifestações, usando ostensivamente máscaras e roupas com símbolos de grupos radicais. Pelo menos cinco deles improvisavam escudos feitos com portas de guarda-roupas de madeira.
Já no dia 12 (segundo ato), eles se limitaram a usar máscaras e roupas de tom escuro.
PM deteve 30 pessoas
Nos protestos dos dias 8 e 12, trinta pessoas foram detidas pela Polícia Militar. O MPL marcou o primeiro ato para a véspera do reajuste da tarifa. A passeata começou no Theatro Municipal e foi interrompida cerca de 40 minutos depois na avenida 23 de maio, quando um grupo de blacks blocs pulou para a pista no sentido norte, que estava liberada para carros.
Neste momento, policiais militares saíram de sua formação e dispararam bombas de gás lacrimogêneo. Os blacks blocs revidaram com pedras. Os confrontos se estenderam pelo centro da cidade e resultaram na prisão de 17 pessoas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.