MPL convoca novo protesto e espera encontro com Haddad e Alckmin
O sexto protesto convocado pelo MPL (Movimento Passe Livre) contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo terminou sem incidentes, apesar de mais um impasse entre governo e militantes sobre o caminho a ser seguido pelos manifestantes nesta terça (26).
O MPL já marcou um novo ato para as 17h de quinta (28), saindo do Largo do Paissandu, no centro, rumo à sede da Prefeitura de São Paulo. Lá, representantes do movimento esperam que o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) se encontrem com os manifestantes. O movimento quer que a reunião ocorra em local aberto, em frente ao prédio da Prefeitura. Haddad e Alckmin ainda não responderam à proposta.
"A gente não quer enrolação de gabinete. Se eles estão dando a ideia de que estão propondo o diálogo, a gente quer que o diálogo aconteça com toda a população que está na rua", disse Laura Viana, uma das porta-vozes do MPL.
Com aparentemente menos manifestantes que nas anteriores, a passeata desta terça saiu da estação da Luz, no centro de São Paulo, por volta das 19h (horário de Brasília) rumo à Câmara dos Vereadores. O MPL queria seguir rumo ao bairro de Santana, na zona norte, mas os manifestantes optaram, em assembleia, pela proposta do coletivo Bloco de Lutas, de seguir para a sede do Legislativo municipal.
Antes, o MPL havia anunciado que só decidiria o trajeto do protesto na concentração. Com isso, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo acabou anunciando uma rota para o ato por conta própria, saindo da Luz rumo à Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo). O trajeto escolhido pelos manifestantes coincidiu com parte daquele sugerido pelo governo.
Em atos anteriores, o MPL divulgou os trajetos desejados para seus protestos nas redes sociais. Os atritos entre o movimento e a SSP em torno da definição dos caminhos das manifestações têm sido constantes.
"É muito complicado a gente falar que não vai fazer (o anúncio do trajeto) de jeito nenhum. A gente vai rediscutindo a cada ato, vê o que é mais favorável, o que não é", explicou Laura Viana.
Seis dias de manifestações em menos de um mês
A atual jornada de protestos promovida pelo MPL teve início no dia 8 de janeiro, um antes da entrada em vigor do aumento no valor das passagens de ônibus, metrô e trem em São Paulo. O bilhete unitário passou de R$ 3,50 para 3,80, um aumento percentual de 8,57%. Segundo o IBGE, a inflação de 2015 pelo IPCA foi de 10,67%.
No protesto do primeiro dia, houve confronto entre black blocs e policiais militares. O segundo, no dia 12, foi marcado por cenas de intensa repressão policial, com bombas sendo lançadas a cada sete segundos para dispersar manifestantes.
No dia 14, com dois atos -- um rumo ao Butantã, na zona oeste, e outro para o Centro -- houve um tumulto na dispersão da passeata da avenida Paulista, quando oito pessoas foram presas sob acusação de vandalismo na estação do metrô Consolação. Um grupo de jovens denunciou ter sido agredido e perseguido por PMs após o protesto do Butantã.
O MPL também organizou dois protestos no dia 19, um rumo ao Palácio dos Bandeirantes e outro que seguiu para a Prefeitura. Neste último, quase uma hora após a dispersão, a Polícia Militar deteve três pessoas por atear fogo em sacos de lixo na região da Praça da República. A PM disparou ao menos uma bomba de gás lacrimôgenio para dispersar manifestantes.
No dia 21, a PM disparou bombas e balas de borracha depois que manifestantes tentaram furar o bloqueio policial feito na praça da República. Segundo o Gapp (Grupo de Apoio ao Protesto Popular (Gapp), formado por socorristas voluntários, ao menos 16 pessoas foram atendidas com lesões provocadas por de bala de borracha, spray de pimenta ou estilhaços de bombas.
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