Laudo aponta que arma de PM que matou jovem em Ourinhos (SP) não apresentava defeito
Um laudo feito na arma do policial militar acusado de matar um jovem na cidade de Ourinhos, localizada a 374 km de São Paulo, não apontou falha que comprometesse o funcionamento da pistola Taurus ponto 40 utilizada pelo PM no momento da abordagem.
A avaliação foi feita pelo Centro de Suprimento e Manutenção de Armamento e Munição da Polícia Militar de São Paulo. De acordo com o item 6.1 do laudo pericial, "a pistola ponto 40 não apresenta defeito capaz de provocar o disparo se acionamento do gatilho".
Já o item 4.3 aponta que "a trava do percursor não apresenta sinais de desgaste, estando em condições normais de funcionamento". O resultado da perícia feita na arma desmonta a tese do advogado do policial Luis Paulo Isidoro - de acordo com a defesa, o disparo foi acidental, provocado por um defeito na arma.
O jovem Bryan Bueno, 22, foi morto no dia 9 de junho durante uma abordagem policial. As imagens foram gravadas por uma câmera de segurança de um estabelecimento comercial. Após o veículo onde Bryan e mais quatro amigos estavam ser parado por um primeiro policial, o soldado Isidoro se aproxima com arma em punho e logo em seguida acontece o disparo.
A vítima foi atingida no pescoço, e a bala atingiu o seu pulmão, além do banco do carro. De acordo com o Conselho Estadual de Defesa Humana (Condeph), que também apura o caso e teve acesso ao depoimento do policial, ele disse que a arma estava em posição sul, apontada para baixo, e que seu dedo não estava no gatilho, mas que, apesar disso, a arma disparou. O Condeph divulgou ainda o trecho em que Isidoro afirmou que os jovens desobedeceram a ordem de sair do carro.
O inquérito civil já foi concluído e enviado para o Ministério Público. O policial militar foi indiciado por homicídio doloso qualificado, porque de acordo com o delegado, ele teria assumido o risco de matar ao abordar o jovem com arma em punho e apontada para a vítima. De acordo com o delegado, além de colocar a vida dos outros jovens que estavam no carro em risco, o policial não deu chance de defesa ao jovem Bryan.
A Polícia Civil citou ainda a dificuldade em ter acesso ao vídeo que flagrou a abordagem e que foi retirado pelos policiais militares minutos após o crime. A Polícia Civil, considerando o vídeo essencial para as investigações, precisou acionar a Justiça para ter acesso às imagens.
As investigações do caso na Justiça Militar são sigilosas, mas de acordo com o comandante interino do policiamento na cidade, o major Elves Botega, o caso continua sendo tratado como um acidente durante uma abordagem policial.
O soldado Luís Paulo Isidoro chegou a ser preso em flagrante, mas foi liberado menos de 48 horas depois e realiza trabalhos internos na Polícia Militar. O Ministério Público ainda não emitiu parecer ser aceita ou não a denúncia feita.
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