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Após novas mortes em cadeia improvisada, presos são transferidos para o interior do AM

Policiais fazem ronda na Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, no centro de Manaus - Raphael Alves/AFP Photo
Policiais fazem ronda na Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, no centro de Manaus Imagem: Raphael Alves/AFP Photo

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

09/01/2017 11h19Atualizada em 09/01/2017 13h25

Por ordem do juiz Flávio Henrique Albuquerque de Freitas, 20 presos foram levados da Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, no centro de Manaus, para o presídio de Itacoatiara, cidade que fica a cerca de 270 quilômetros da capital amazonense. A transferência aconteceu na manhã desta segunda-feira (9), segundo o Comitê de Gerenciamento de Crise. 

Na madrugada de domingo (8), quatro detentos morreram após uma rebelião na cadeia pública. O local, que ficou desativado por três meses por falta de estrutura e segurança, foi reaberto no dia 3 de janeiro para receber 283 detentos após os massacres que deixaram 60 mortos em dois presídios, no início do mês. Três dos presidiários mortos no Raimundo Vidal foram decapitados. O outro morreu asfixiado. 

Segundo a SEAP (Secretaria de Administração Penitenciária), os detentos estariam correndo risco de morte, o que motivou um pedido da Defensoria Pública do Amazonas pela transferência.

De acordo com o Comitê, após o confronto, dez internos receberam atendimentos médicos básicos na cadeia pública. Deles, sete tiveram de ser encaminhados para atendimentos em unidades de saúde de Manaus, mas retornaram em seguida para a Cadeia Pública

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Em nota, o defensor público geral do Amazonas, Rafael Barbosa, disse que não havia, na cadeia pública, local em que os detentos pudessem “ser mantidos seguros e livres de qualquer risco”. Barbosa esteve na Raimundo Vidal na noite de domingo, após o conflito.

Na decisão, o juiz afirmou que não restavam dúvidas da necessidade da transferência. A decisão, segundo ele, tem como objetivo o resguardo da integridade física dos presos, já que haveria risco de novos conflitos e mortes se eles permanecessem no local.

Em nota, o Comitê de Gerenciamento de Crise do Amazonas disse que presos "iniciaram uma briga por motivo desconhecido" e que quatro detentos "foram mortos pelos próprios internos".

Pedido

Após a rebelião de domingo, o governador do Amazonas, José Melo (Pros), pediu, ao governo federal, o apoio da Força Nacional de Segurança.

No ofício, encaminhado ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, Melo chega a citar que a situação no Estado está levando os servidores da área de segurança pública a "limites preocupantes" e diz que a nova rebelião motivou o pedido de auxílio da Força Nacional.

"O trabalho que está sendo feito desde o dia 1º de janeiro, não só no Sistema Prisional em si, mas ainda na busca incessante da captura dos foragidos e no aumento do policiamento investigativo e ostensivo nas ruas de Manaus e no Interior do Estado, está levando os envolvidos [Polícia Militar, Polícia Civil, Secretaria de Segurança Pública, Inteligência] a limites preocupantes, do ponto vista físico e psicológico", diz o documento.

Ainda segundo o pedido de Melo, o envio da Força Nacional ao Amazonas "tem por finalidade o necessário apoio ao Sistema Prisional deste Estado, que se encontra em dificuldades financeiras em face da crise nacional, daí que os gastos correspondentes sejam arcados pelo Governo Federal".