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Moradores de São Paulo dão nota 3,7 para qualidade de vida na cidade

São Paulo, que faz 463 anos nesta quarta, é mal avaliada por seus moradores - Getty Images
São Paulo, que faz 463 anos nesta quarta, é mal avaliada por seus moradores Imagem: Getty Images

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

24/01/2017 10h00

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), inicia seu mandato com os paulistanos profundamente insatisfeitos com a cidade, revela pesquisa da ONG Rede Nossa São Paulo e do Ibope Inteligência. Segundo o levantamento, a nota média dos moradores para a qualidade de vida na metrópole é de 3,7, numa escala de 1 (totalmente insatisfeito) a 10 (totalmente satisfeito).

A pesquisa foi realizada entre os dias 8 de dezembro de 2016 e 4 de janeiro de 2017 com 1.001 moradores da cidade de São Paulo com 16 anos de idade ou mais. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

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A nota está na atual edição do Irbem (Índice de Referência de Bem-Estar do Município), divulgado nesta terça (24). A nota para a qualidade de vida é calculada com base na avaliação dos assuntos que o morador considera prioritários e de sua satisfação em relação a tais temas.

Insatisfação geral

A pesquisa mostra que o nível de insatisfação com a qualidade de vida na cidade é praticamente o mesmo seja qual for o gênero, a raça, a faixa de idade, renda, escolaridade ou o local onde o paulistano mora.

Nenhum segmento deu nota maior que 4,2 -- número que representa a avaliação dos paulistanos de 16 a 24 anos. A pior nota média foi 3,4, dada pelos que estudaram até a quarta série do ensino fundamental. 

Para o coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew, a percepção geral de baixa qualidade de vida mostra a interdependência entre os moradores da cidade.

"Tudo afeta a todos. Não adianta viver em Pinheiros e achar que nada vai me afetar. Eu tenho indicadores melhores, mas me afeta porque eu estou vendo as pessoas morando na rua, a violência. A desigualdade que causa violência, a atmosfera de insegurança na cidade. O trânsito, a poluição. É necessário cuidar do todo para que cada um fique bem."

Quase duas horas para ir e voltar do trabalho

A pesquisa também mostrou que o tempo médio somado de ida e volta do trabalho é de 1h46. Pelo menos na média, o caos na mobilidade é democrático. Se o usuário de ônibus leva 1h47 no trajeto casa-trabalho-casa, quem prefere o carro gasta 1h45. Uma fatia de 20% dos entrevistados precisa de mais de duas horas para completar os dois trechos.

Não por acaso, o transporte recebeu a nota 3,3, a quarta pior entre as 17 áreas sobre as quais os entrevistados foram ouvidos. A melhor nota ficou com a cultura: 4,4.

A questão da mobilidade também ficou entre as cinco mais importantes para os participantes da pesquisa, junto com educação (nota 3,5), saúde (3,7), segurança (3,5) e meio ambiente (3,6).

23.mai.2014 - Motoristas enfrentam trânsito na avenida Moreira Guimarães, próximo ao aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, nesta sexta-feira chuvosa. A cidade atingiu trânsito recorde na história de São Paulo, nesta sexta-feira (23). Às 18h30, a capital registrou 338 km de engarrafamento na capital paulista, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). A média para o horário fica entre 170 km e 209 km - Levi Bianco - 23.mai.2014/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo - Levi Bianco - 23.mai.2014/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo
Trânsito parado em SP: transporte teve uma das piores notas
Imagem: Levi Bianco - 23.mai.2014/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo

Participação popular tem pior nota

A pior avaliação do levantamento ficou com a área de transparência e participação política, que ganhou nota 2,7. Ao mesmo tempo, a pesquisa identificou que 90% dos entrevistados são a favor de plebiscitos sobre obras de alto custo ou impacto ambiental e social.

A possibilidade de plebiscitos sobre grandes obras foi aprovada pela Câmara, mas foi vetada pelo prefeito Fernando Haddad (PT) em julho do ano passado.

Segundo a Nossa São Paulo, a pesquisa Irbem 2017 tem como foco o plano de metas para a cidade, que Doria terá que apresentar até 31 de março. Para Grajew, a percepção de que a qualidade de vida em São Paulo é baixa pode ser uma vantagem para o novo prefeito.

"O lado positivo, para a prefeitura, é que assume em um nível muito baixo. Tem muito chão para melhorar", afirma.