"Vi PMs chorando por não poder fazer aquilo que gostam", diz sargento no ES
Com familiares nas portas de quartéis, policiais militares não estão prestando serviço há pelo menos quatro dias no Espírito Santo. E isso tem afetado alguns dos agentes de segurança, segundo o presidente da ASC (Associação de Soldados e Cabos) da Polícia Militar do Estado, o sargento Renato Martins.
"Vi policiais chorando nos batalhões por não poderem fazer aquilo que eles gostam", disse ao UOL.
Desde sábado (4), a falta de policiamento tem gerado caos na segurança capixaba, com ondas de arrastões, assaltos e roubos, além de homicídios --foram mais de 70 mortes nos últimos dias, um índice quase seis vezes superior ao que o Estado costuma registrar.
Martins volta a afirmar que a manifestação é dos familiares dos policiais, que estão dispostos a dialogar. "Quem cerrou a porta do diálogo foi o governo". Segundo os policiais, cujo piso salarial é de R$ 2.643, não há aumento salarial há sete anos e há três não se repõe a inflação.
Procurada pelo UOL desde segunda-feira (6) para comentar as reclamações dos policiais, a Secretaria de Segurança Pública não se pronunciou até o momento.
O secretário André Garcia, porém, disse que não se cortou o diálogo e qualificou como vexatório o que faz o movimento dos familiares dos policiais.
Dos cerca de 10 mil policiais militares do Espírito Santo, 500 apresentaram-se para o trabalho nesta terça, segundo o comandante da PM no Estado, o coronel Nilton Rodrigues. De acordo com ele, a partir de agora, os policiais não precisarão mais se apresentar para a escala dentro dos quartéis, mas nos locais de policiamento.
Isso faz com que o policial não tenha mais a chance de ser conivente, argumenta. "Se ele for, ele não comparece mais no local de chamada da sua escala".
Além desses agentes, o governo estadual espera contar com cerca de 1.200 militares e 200 agentes da Força Nacional, formada por PMs de outros Estados. Destes, há, até o momento, 250 membros das Forças Armadas e 80 policiais.
Entenda a crise no Espírito Santo
No sábado (4), parentes de policiais militares do Espírito Santo montaram acampamento em frente a batalhões da corporação em todo o Estado. Eles reivindicam melhores salários e condições de trabalho para os profissionais. Desde então, sem patrulhamento nas ruas, uma onda de violência tomou diversas cidades.
A Justiça do Espírito Santo declarou ilegal o movimento dos familiares dos PMs. Segundo o desembargador Robson Luiz Albanez, a proibição de saída dos policiais caracteriza uma tentativa de greve por parte deles. A Constituição não permite que militares façam greve. As associações que representam os policiais deverão pagar multa de R$ 100 mil caso a decisão seja descumprida.
A ACS-ES (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo) afirma não ter relação com o movimento. De acordo com o cabo Thiago Bicalho, do 7º Batalhão da Polícia Militar do Estado e diretor Social e de Relações Públicas da associação, os policiais capixabas estão há sete anos sem aumento, e há três anos não se repõe no salário a perda pela inflação.
Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, André Garcia, as negociações sobre salários e condições de trabalho de policiais serão feitas apenas quando o patrulhamento na rua for retomado e a situação estiver controlada.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse, na segunda (6), que militares das Forças Armadas ficarão no Espírito Santo durante o "tempo necessário" para que a ordem no Estado seja restabelecida.
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