Cadeirante é impedida de entrar em loja em promoção em SP: "descaso total"
Uma loja de calçados na cidade de Itapetininga, no interior de São Paulo, responderá ao Procon por impedir que uma cadeirante entrasse no estabelecimento em razão de uma queima de estoque.
Any Caroline dos Santos, 23, saiu com a mãe, Maria Helena Santana, e a irmã, Tatiane Eduardo Kerne, para comprar um par de tênis na última segunda-feira (7). Ao chegar em frente à Foka Calçados, que promovia uma grande promoção, a família encontrou as portas de aço abaixadas.
Apenas uma passagem, através de uma pequena porta e insuficiente para dar acesso à cadeira, estava disponível a clientes. Ao UOL, Tatiana, a irmã da garota, confirmou o ocorrido: elas pediram para que uma das entradas fosse levantada para que a menina pudesse escolher o modelo do calçado.
Elas acabaram surpreendidas com a resposta do vendedor. “Ele simplesmente olhou para nós e falou que não poderiam levantar a porta pois estavam cheios de mercadorias”, contou. “Foi um descaso total com a minha irmãzinha, que ficou magoada.”
Any tem tetraparesia - a perda parcial da motricidade nos quatro membros - e encefalopatia crônica, fruto de um espancamento que ela sofreu dos pais biológicos no nascimento. Ainda na infância, ela foi adotada pela família de Tatiana.
Diante da resposta do vendedor e de ter sido impedida de falar com a gerência, Tatiana registrou um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Defesa da Mulher e recorreu ao Procon (órgão de defesa do consumidor) por injúria contra o vendedor. A família também pretende recorrer à Justica. “Se algum advogado se interessar, queria entrar na Justiça por tal constrangimento e desrespeito.”
Loja se defende
Procurada pela reportagem, a loja lamentou o ocorrido, garantiu que suas dependências têm acesso a cadeirantes, como nas calçadas e banheiros, e que sua “política de atendimento aos clientes, sem qualquer distinção, é a de respeito e urbanidade, em especial aos portadores de necessidades especiais”.
A loja nega, no entanto, que a família tenha procurado a gerência e que, embora a promoção fosse “portas fechadas”, “quando o cliente não tem como entrar na loja, a gente consegue subir a porta. Foi um grande mal-entendido".
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