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Secretário nega rixa com Exército e diz que havia 'estabilidade' na Rocinha

Cinegrafista flagra intenso tiroteio na Rocinha

Band News

Do UOL, em São Paulo

22/09/2017 14h18Atualizada em 22/09/2017 17h24

A situação na favela da Rocinha era monitorada e encontrava-se estável, segundo o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Roberto Sá. “Havia uma estabilidade que, hoje pela manhã, se mostrou a necessidade de escalar recursos”, disse a jornalistas no início da tarde desta sexta-feira (22) no CICC (Centro Integrado de Controle e Comando), na capital fluminense. Na manhã de hoje, a Rocinha voltou a registrar confrontos e ataques a policiais, deixando os moradores da região em pânico. Escolas, universidades, comércio e várias vias foram fechadas. 

Sá negou que haja desentendimentos com o governo federal, responsável pelo Plano Nacional de Segurança, que coloca equipes das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança à disposição da administração fluminense. “Esse campo de entendimento sempre esteve muito bem e a cada dia melhor. Não há rixa entre nós, muito pelo contrário. Mas é óbvio que são instituições que têm maneiras de atuar diferentes, e não sei se isso é avaliado como desentendimento. Mas, taticamente, os ajustes a cada operação são maiores”.

Segundo o secretário, a Rocinha, que vive seu quinto dia de operações policiais, contava com um esquema de segurança adequado. “Na nossa avaliação, haveria possibilidade [de instabilidade], como há agora em dezenas de comunidades conflagradas. E a gente vai colocar Exército em dezenas por causa de uma notícia que não é confirmada?”, disse Sá. “Na nossa avaliação, o cerco está sendo feito no momento em que a situação assim requereu”.

De acordo com Sá, há planejamento para a situação ordinária e para a situação de eventualidade. “Isso existe, e a Polícia Militar e a Polícia Civil, que dão essa primeira resposta, estão sempre preparadas para dar essa resposta”, pontuou. “Hoje, com o Plano Nacional de Segurança, com a possibilidade das Forças Armadas, se essa primeira resposta não for suficiente, eles [militares] serão acionados. E eles se colocaram à disposição para nos apoiar no quer for preciso”.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, autorizou o cerco pelo Exército. Ele informou que 950 homens da polícia do Exército vão participar da operação. "Não liberamos antes porque não houve demanda", afirmou o ministro.

Tiroteio na Rocinha leva pânico a moradores

UOL Notícias

O que diziam as autoridades?

Ao longo da semana, representantes dos governos estadual e federal trocaram farpas a respeito do plano de segurança no Rio de Janeiro. Na quinta-feira (21), por exemplo, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que iria "sentar e fazer uma ‘DR’ [discutir a relação]” com o governador fluminense, Luiz Fernando Pezão (PMDB).

A frase foi reflexo de críticas feitas pela polícia fluminense em função do plano na área de segurança.

Tem problema? Tem. Cabe a gente resolver isso. A sociedade quer e exige isso. Nós vamos ficar aqui até o último dia. Nosso time tem que, cada vez mais, melhorar o desempenho. Então, vamos sentar e fazer uma DR"

Raul Jungmann, ministro da Defesa

Pezão, por sua vez, disse que "afinou a viola" com Jungmann.

Afinamos a nossa viola, discutimos a relação e acertamos os nossos passos"

Luiz Fernando Pezão, governador do Rio

Um dia antes, na quarta-feira (20), o governador disse que os militares deveriam atuar pontualmente na Rocinha, apenas na entrada da comunidade, enquanto estivessem ocorrendo as operações policiais.

“Eu falei que não tinha necessidade das Forças Armadas na Rocinha, mas nas vias expressas têm uma série de pontos que a gente quer, na Linha Amarela, Linha Vermelha, alguns pontos de estradas federais", disse Pezão.

Já secretário de Segurança, que disse preferir ajuda financeira do governo federal, disse que foi surpreendido pela fala de Jungmann sobre dificuldades na comunicação entre os governos federal e estadual para o combate conjunto à violência.

É óbvio que sempre precisa haver ajustes, mas não há nenhum ruído. A comunicação com o ministro é muito boa. Quero deixar claro para a sociedade fluminense: a relação é a melhor possível".