A ocupação da Rocinha pelas Forças Armadas em 10 imagens
Durante uma semana os moradores da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, conviveram com a presença de tropas do Exército, da Marinha e da Aeronáutica por toda a comunidade. Quase mil homens reforçaram a segurança no local, em apoio à Polícia Militar, que sozinha não conseguiu combater os tiroteios diários vivenciados pela comunidade desde o dia 17 de setembro, quando grupos rivais de traficantes entraram em confronto.
O conflito, causado por uma disputa entre os traficantes rivais Nem e Rogério 157 pelo domínio do tráfico na Rocinha, deixou quatro pessoas mortas, se intensificou na sexta passada (22), fechou escolas e espalhou medo nas ruas e vielas de uma das maiores favelas do país, que tem aproximadamente 80 mil moradores.
Nesta sexta-feira (29), as Forças Armadas deixaram o local, apesar de um novo tiroteio ter acontecido na noite de ontem. Com a retirada, cabe as Polícias Civil e Militar estabelecer a segurança e a ordem na Rocinha.
Veja imagens da difícil semana vivenciada pelos moradores da comunidade da Rocinha:
Traficantes rivais tentaram invadir a Rocinha no dia 17 de setembro, dando início a cinco dias consecutivos de operações policiais e tiroteios. A situação se agravou na manhã da sexta-feira passada (22) e pegou moradores de surpresa, que tentaram se refugiar onde podiam.
Instaurou-se um cenário de guerra, com ataques à base da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), um carro da polícia alvo de uma granada, ônibus incendiado, focos de incêndio.
Policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) iniciaram atuação na Rocinha e agentes do BAC (Batalhão de Ações com Cães), no Vidigal, comunidade vizinha à Rocinha. A Polícia Militar reforçou o cerco à comunidade em todos os seus acessos. Policiais de outras UPPs e do Batalhão de Policiamento em Grande Eventos foram deslocados para a região. Até um veículo blindado foi enviado para dar apoio aos policiais.
Mas o reforço não se mostrou suficiente, por isso o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o secretário de Segurança Pública, Roberto Sá, pediram ao CML (Comando Militar do Leste) a atuação das forças militares na Rocinha, autorizada pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann. Quase mil homens da Forças Armadas adentraram a comunidade por volta das 15h30 da sexta-feira passada.
Durante operação na favela, alguns dos militares usaram balaclavas (gorros que cobrem toda a cabeça, menos os olhos) com figuras de caveira pelas vielas da Rocinha, chamando atenção dos moradores. As balaclavas com desenhos, usados pelos militares das Forças Armadas, no entanto, estavam em desacordo com o padrão estabelecido pelo Exército.
Quanto durou o cerco, moradores reclamaram que seu direito de ir e vir estava sendo violado. Ônibus e transporte escolar não conseguiam passar por dentro da comunidade, porque os tanques dispostos nas ruas impediam a manobra de veículos maiores.
Dez dias após o início dos confrontos entre traficantes, o prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella (PRB) subiu na favela para anunciar investimentos, sem colete à prova de bala e em ritmo acelerado. Ouviu críticas e aplausos. Chegou a ser chamado de “sumido” por um dos moradores.
Só na quinta-feira (28) todas as escolas situadas na Rocinha abriram pela primeira vez desde o cerco militar à favela. No total, seis escolas, duas creches e um EDI (Espaço de Desenvolvimento Infantil) retomaram plenamente as suas atividades, beneficiando 3.344 crianças e adolescentes. Mas, enquanto as atividades escolares voltaram ao normal na comunidade, no Complexo da Maré 14 mil alunos ficaram sem aula por causa de uma operação da Polícia Militar com objetivo de localizar e prender Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, chefe do tráfico de drogas na Rocinha, na zona sul.
Até a noite de quinta, as forças de segurança prenderam 24 suspeitos durante as ações na Rocinha. Também foram apreendidos 25 fuzis, 14 granadas e sete bombas de fabricação caseira, segundo informou a Secretaria de Estado de Segurança Pública. Três suspeitos foram mortos durante confrontos entre policiais e criminosos.
Após uma semana de atuação na Rocinha, as tropas das Forças Armadas deixaram a comunidade nesta sexta-feira (29) . A retirada foi anunciada pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, na quinta. Na visão dele, os militares cumpriram a missão designada e não havia mais necessidade de permanência na região.
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