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Operação da Rota põe 320 homens nas ruas de SP pela 2ª vez em dois meses

PMs participam da solenidade do 47º aniversário da Rota - Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo
PMs participam da solenidade do 47º aniversário da Rota Imagem: Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

19/10/2017 04h00Atualizada em 19/10/2017 12h34

Pela segunda vez em dois meses, o comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), considerada a tropa de elite da PM (Polícia Militar), o tenente-coronel Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, fará nesta quinta-feira (19) uma operação em todas as regiões da cidade de São Paulo de uma vez só para combater o tráfico de drogas.

A primeira operação aconteceu em 23 de agosto, poucos dias depois de o comandante Mello Araújo assumir o batalhão. A operação de hoje ocorre em comemoração aos 47 anos do batalhão, completados nesta quinta. Às 8h, foi realizada uma solenidade no quartel com a presença do secretário estadual da Segurança Pública, Mágino Alves. Na sequência, teve início a operação, que deve contar com cerca de 320 dos 700 homens do batalhão. Ainda não há um balanço a respeito dela.

A Rota foi criada em 19 de outubro de 1970, em meio à ditadura militar, para coibir sobretudo roubo a bancos e ações de grupos contra o regime. Atualmente, o batalhão tem o tráfico de drogas, com apreensões de maconha e cocaína, como principal foco.

aniversário da Rota - Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo - Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo
A Rota foi criada em 19 de outubro de 1970, em meio à ditadura militar, para coibir sobretudo roubo a bancos e ações de movimentos sociais
Imagem: Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Na primeira operação, 25 pessoas foram presas e três menores de idade foram apreendidos. Entre os presos, estavam quatro procurados pela Justiça. "A operação foi dentro do que a gente planejou. Até superior, pela sensação de segurança transmitida para a população, que nos aplaudiu nas ruas", afirmou ao UOL o comandante da Rota na época.

Ao desencadear a primeira operação, Mello Araújo disse à reportagem que queria sentir como a criminalidade reagiria com grande efetivo de homens da Rota nas ruas. Ao fim do dia, ele avaliou a ação como positiva. "O criminoso teme a Rota. E tem de continuar temendo", avaliou.

Entre a primeira e a segunda grande operação em São Paulo, a Rota fez outras operações de porte maior do que o comum, mas em regiões restritas da cidade, como, por exemplo, só na zona leste, zona sul ou só no ABC Paulista.

"Que eu não perca nenhum homem em combate", diz comandante

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Procuradas, a Rota e a SSP (Secretaria da Segurança Pública) não se manifestaram sobre a segunda operação até a publicação desta reportagem. Na semana passada, ao programa "Brasil Urgente", da TV Bandeirantes, Mello Araújo afirmou que esta segunda ação em toda a cidade é um "presente" para a população. 

Operações dividem opiniões

A ação do dia 23 de agosto foi independente, assim como será a desta quinta-feira (19). O comandante não se comunicou com Mágino Alves, tampouco com o comandante-geral da PM, o coronel Nivaldo Restivo, ou o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Em agosto, após a operação, a pasta e a PM afirmaram ter apoiado a atitude de Mello Araújo.

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Especialistas se dividiram sobre a eficiência desse tipo de operação. "É importante mostrar a presença do Estado na rua, porque isso passa uma sensação de segurança para a população. A operação também é importante porque inibe a prática de delitos. O criminoso que saiu de casa para praticar um crime hoje pode ter visto a polícia e desistido", disse Hugo Tisaka, analista da consultoria de segurança privada NSA Brasil.

Já para Rafael Alcadipani, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), "esse tipo de ação mostra que voltamos ao passado em termos de segurança pública em São Paulo". Segundo ele, "no momento em que a política de segurança pública do Estado mostra claros problemas, o governo volta ao velho bordão do populismo paulistano de 'vamos colocar a rota na rua'".

A sugestão de Alcadipani é de que haja ações coordenadas da segurança com outros organismos do Estado para diminuir a criminalidade. "Ações pontuais, sem planejamento e sem uma integração com outras áreas, como assistência social, educação e saúde não vão dar certo. Isso é enxugar gelo e adotar uma ação populista que nada resolve", disse.

Rota apreende balas de fuzil

Nesta quarta (18), a Rota informou por meio de nota que, ao abordar um veículo Celta em Guarulhos (SP), encontrou 16 munições de fuzil 7.62. Segundo a nota, o motorista confessou ser um dos cinco integrantes responsáveis pelo PCC no Brasil. Ele está preso no 4º SP de Guarulhos.