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"Perdi dois filhos para a água", lamenta pai após 2º afogamento na família em 17 anos

André Poeta/Rádio Hertz
Imagem: André Poeta/Rádio Hertz

Fabiana Marchezi

Colaboração para o UOL

24/10/2017 13h18

“Perdi dois filhos pra água. Não tenho palavras. É muita dor”, disse Paulo Sérgio Farchi, pai do dentista Luan Farchi, de 30 anos, que morreu afogado na noite de domingo (22), depois que seu carro caiu em uma represa, no município de Guará (a 415 quilômetros de São Paulo).

Luan foi o segundo filho de Paulo que morreu por afogamento. “Em 1999, eu perdi minha filha afogada em um açude, durante uma festa de fim de ano da escola. Ela tinha 11 anos. Estou revivendo tudo. Um filme está passando na minha cabeça”, lamentou o pai.

Dentista - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
O dentista Luan Farchi, de 30 anos, que morreu afogado na noite de domingo
Imagem: Reprodução/Facebook
De acordo com a polícia, o acidente aconteceu quando Luan e sua namorada, Letícia Menegueti, de 19, voltavam para Franca, onde moram, após passar o fim de semana na casa dos pais dele, em Barretos. O carro caiu na represa depois que Luan perdeu o controle da direção ao atropelar uma capivara que invadiu a Rodovia Prefeito Fábio Talarico (SP-345), na altura do quilômetro 79.

As vítimas conseguiram sair do veículo pelo teto solar, mas não sabiam nadar. “Os dois estavam em cima do carro. Eu consegui tirar a Letícia da água e falei pra ele esperar que eu voltaria para ajudá-lo. Ele chegou a falar comigo e respondeu, mas quando virei para pegá-lo, ele já tinha sumido. Queria ter tirado os dois da água, mas infelizmente não consegui”, contou Gabriel Prado, que testemunhou o acidente e parou para prestar socorro às vítimas.

A jovem foi encaminhada à Santa Casa de Guará com ferimentos leves. O corpo de Luan só foi localizado na manhã do dia seguinte pelos bombeiros de Orlândia. A cachorra do casal que também estava no veículo foi localizada às margens da represa no dia seguinte e passa bem.

A Polícia Civil de Guará vai investigar o acidente. A família de Luan pensa em entrar na Justiça porque para eles o carro só caiu na água por causa da falta de guard-rail na pista.

“É um absurdo. Os acidentes são frequentes ali. Não é a primeira vez que um carro cai na represa. Até quando a estrada vai ficar sem guard-rail? Vamos entrar na Justiça para que outras famílias não sintam a dor que estamos sentindo. Meu irmão ainda não se recuperou nem da outra tragédia (morte da filha) e agora vem essa”, lamentou Arnaldo Farchi, tio de Luan.

O corpo do dentista foi removido ao IML (Instituto Médico Legal) de Ituverava. Depois de liberado, foi levado para São Tomás de Aquino, em Minas Gerais, onde foi sepultado.