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Seis policiais civis suspeitos de ajudar o PCC em São José dos Campos (SP) estão foragidos

24 policiais foram presos ou se entregaram na Corregedoria até esta quinta-feira (30) - Alex Silva/Estadão Conteúdo
24 policiais foram presos ou se entregaram na Corregedoria até esta quinta-feira (30) Imagem: Alex Silva/Estadão Conteúdo

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

01/12/2017 14h09Atualizada em 01/12/2017 14h11

Dos 30 policiais civis que tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça de São Paulo na quarta-feira (29), por suposta ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital), seis não foram capturados e permanecem foragidos até a tarde desta sexta-feira (1º), de acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública).

Até a noite desta quinta-feira (30), 24 policiais civis foram presos, sendo que parte foi capturada e outra parte se entregou. Eles foram levados para a Corregedoria da Polícia Civil, que fica no centro da capital paulista.

A pasta afirmou que a a Polícia Civil "não compactua com desvios de condutas e todos os fatos serão devidamente apurados".

Segundo a decisão judicial, os 30 policiais, que trabalham em São José dos Campos, a 106 km de São Paulo, além de uma advogada, um ex-policial civil (que foi demitido) e quatro traficantes, colaboravam com a manutenção do tráfico de drogas na cidade e eram acusados de extorquir e, até mesmo, sequestrar criminosos.

A Secretaria da Segurança Pública não soube informar se a advogada, o ex-policial e os traficantes também estão presos.

As acusações, feitas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que é um órgão do MP (Ministério Público), apontam que os envolvidos tinham desde "amizade" com os traficantes locais até sociedade em empresas.

Os policiais envolvidos no caso atuam nas delegacias do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), 3º DP (Distrito Policial), 7º DP, Dise (investigações sobre drogas) e DIG (investigações gerais). 

A reportagem tentou entrar em contato com a defesa dos policiais através da Secretaria de Segurança Pública e de cada delegacia envolvida na investigação, mas não obteve respostas.

A investigação teve início no segundo semestre do ano passado, quando o Gaeco começou a investigar a atuação do PCC em um bairro da zona sul de São José dos Campos. Após a prisão de traficantes da área, a investigação passou a ter elementos de que policiais estavam ajudando os criminosos.

A apuração da Promotoria descobriu que Lúcio Monteiro Cavalcante, que seria chefe da facção criminosa na região, determinaria o pagamento de propinas a policiais. Ele foi morto por policiais militares durante um confronto em março de 2017.

O Gaeco apontou que as unidades policiais de São José dos Campos eram contempladas com a distribuição de valores pagos por Cavalcante da seguinte maneira:

1) Garra: teria sido mencionado em manuscritos apreendidos com traficantes como sendo a unidade que recebeu R$ 45 mil da facção criminosa;

2) 3ª DP: evidências apontam que policiais da unidade teriam recebido R$ 60 mil.

3) 7ª DP: também em manuscritos apreendidos com traficantes, a delegacia aparece como destino de R$ 2,8 mil em propinas;

4) Dig: policiais da delegacia teriam recebido R$ 96 mil;

5) Dise: identificada como "Casa Grande" (em razão de sua importância no recebimento de propinas), teria sido mencionada nos manuscritos apreendidos com traficantes como a delegacia que recebeu ao menos R$ 70 mil, além de supostamente receber R$ 2 mil a cada dia 15.

A Secretaria da Segurança Pública informou que a Corregedoria da Policia Civil vai instaurar procedimento administrativo disciplinar para apurar a conduta dos policiais civis.

"Assim que os respectivos mandados forem cumpridos, os policiais serão encaminhados ao Presídio da Polícia Civil", informou a secretaria.