"Meu último show", avisou dançarina pouco antes de morrer após 2 atropelamentos
Alessandra Andrade estava irreconhecível na noite do último sábado (2), pouco antes de encerrar o show do cantor baiano Léo Santana, em São Vicente, litoral de São Paulo. Conhecida pela disposição e sorriso largo, naquela noite ela preferiu ficar sozinha no camarim a maior parte do tempo. Cabisbaixa, a dançaria, 43, anunciou sua decisão aos amigos: aquela noite seria a última vez que subiria aos palcos. Ela morreu naquela mesma madrugada quando voltava para casa.
Alessandra pilotava sua moto na Rodovia Anchieta quando, em questão de minutos, sofreu dois acidentes: ela foi atingida por um carro que não parou para prestar socorro. Enquanto era ajudada por um homem que testemunhou o acidente, na altura do bairro Jardim Piratininga, em Santos (SP), um outro veículo avançou a sinalização e atropelou a dançarina, que morreu.
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Amiga de Alessandra, a dançarina Taio Messias ainda tenta acreditar no que aconteceu. Ela conta que, assim como a amiga, todos que subiram no palco naquela noite são professores de dança. “Às vezes, aparece esses eventos para abrir show. Reunimos nossos amigos e vamos”, explicou Taio ao UOL.
Segundo a professora de dança, as coincidências começaram cedo. O combinado era que o grupo abrisse o show de Léo Santana, mas ele se atrasou e elas acabaram fechando a noite. Também por essa razão, acredita Taio, a amiga estava calada, com uma rara expressão de cansaço. “A Alessandra era uma pessoa muito pra frente, de bem com a vida, sorriso grande, feliz. Muito positiva e sempre cheia de energia.”
Mas naquela noite ela parecia distante. “Talvez estivesse preocupada com o atraso do show porque no dia seguinte ela teria uma atividade com os alunos dela no Sesc de Santos e precisava ir embora”, recorda-se. “Ela não saiu de dentro do camarim. Ficou reservada. Mas quando subiu no palco, foi lindo. Ela dançou como sempre, deu um show. Quando acabou, ela foi embora.”
Antes disso, no entanto, Alessandra expressou seu desejo de abandonar os palcos e se dedicar exclusivamente às aulas de dança. “Ela tinha 43 anos e se sentia velha para aquilo, mas ela era maravilhosa, não precisava se preocupar”, diz. “Talvez porque estivesse cansada, querendo ir embora, ela falou que aquele seria seu último show. Por ironia, acabou sendo…”
Como a apresentação acabou depois das 4h da madrugada, Taio chegou tarde em casa e foi direto dormir. Acordou às 13h com o celular repleto de mensagens. “Morta? Ela estava com a gente agora mesmo”, questiona-se. “Foram dois atropelamentos. Estamos chocados. A gente tem de acreditar que era o dia dela, que sua missão já tinha sido cumprida.”
O enterro, no último domingo (3), reuniu mais de 200 pessoas, incluindo ex-alunos de Alessandra. Apesar do luto, Taio acha que a melhor forma de homenagear a amiga é fazendo o que ela mais gostava: “Hoje mesmo eu tenho cinco aulas pra dar. Vou dizer aos estudantes que vamos dançar sim. Vamos dançar juntos, felizes, como a Alessandra. Vamos dançar para ela e por ela.”
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