Morre em Bauru (SP) idoso que dizia ter 129 anos e era filho de escravos
José Aguinelo dos Santos, ou apenas “Seu Zé”, como era conhecido o homem de 129 anos que afirmava ser filho de escravos e ter vivido em um quilombo na cidade de Pedra Branca, interior do Ceará, morreu nesta quarta-feira (21) na cidade de Bauru, 349 km de São Paulo, onde vivia em um lar para idosos há 44 anos.
Segundo nota divulgada pela Vila Vicentina de Bauru, o homem, que poderia ser o mais velho do mundo, morreu por volta das 9h40 acompanhado pela equipe de enfermagem. “Ele fez a passagem serenamente”, diz a nota.
Agnelo havia passado em 2016 por uma cirurgia devido a uma fratura no fêmur. O idoso, que possuía uma "saúde de ferro" para sua idade, apenas recebia medicamentos para que não desenvolvesse a diabetes. Ele tomava os remédios, mas reclamava. "Deus mandou a gente rezar e não tomar remédio", argumentava.
Seu Zé morreu com a idade presumida de 129 anos. Os documentos que comprovam a idade do quilombola foram providenciados em 2001. Foi necessário entrar na Justiça para conseguir os documentos com a idade que o idoso afirmava ter, procedimento padrão, quando não se tem como provar a data de nascimento.
O cigarro, abandonado havia pouco tempo, e o boné azul eram a marca do idoso, que mesmo com a idade avançada, se comunicava com os demais idosos e com os funcionários da Vila Vicentina contando “causos” e histórias que ele guardava em sua memória.
Agnelo nunca conseguiu figurar na lista Guinness World Records como o homem mais velho do mundo. Exames de alto custo e dolorosos eram necessários para se comprovar a idade do quilombola. A opção por não fazer os exames foi da diretoria da Vila Vicentina. Questionado certa vez, o presidente da entidade disse que seria submeter o idoso a um “sofrimento desnecessário”.
"Eles queriam, para aferir a real idade dele, fazer uma raspagem no osso e fazer o exame conhecido como Carbono 14 --ele afere com exatidão a idade. Outra opção era a biópsia da língua, ambos bastante dolorosos para o nosso amigo Decidimos por não autorizar, porque o título de mais velho do mundo em nada acrescentaria para o Aguinelo", afirmou na época César Siqueira Campos, vice-presidente da Vila Vicentina de Bauru.
Com o nome no livro dos recordes, além do reconhecimento mundial, o idoso receberia um salário mínimo vitalício.
De acordo com a nota divulgada pela diretoria da Vila Vicentina, velório e sepultamento não serão abertos para todos. “Manifestamos o desejo de que velório e enterro serão realizados estritamente a amigos e funcionários que com ele viveram nesses últimos anos”, diz a nota.
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