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Jungmann ironiza pedido de Crivella e veta envio de tropas para Carnaval do Rio

Os ministros Torquato Jardim e Raul Jungmann encontraram o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (no centro) - Fábio Motta/Estadão Conteúdo
Os ministros Torquato Jardim e Raul Jungmann encontraram o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (no centro) Imagem: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

12/01/2018 13h33Atualizada em 12/01/2018 17h09

O ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS-PE), afirmou nesta sexta-feira (12) que as Forças Armadas não enviarão tropas para o Rio de Janeiro durante o Carnaval. O pedido de reforço na segurança havia sido feito ontem pelo prefeito Marcelo Crivella (PRB). Na avaliação do governo federal, as forças policiais do Estado têm plenas condições de garantir a ordem no decorrer das festividades.

Jungmann chegou a ironizar o pedido de Crivella. Segundo ele, enviar militares ao Rio em função de um evento festivo abriria um precedente constrangedor, pois outras capitais poderiam fazer o mesmo.

Parafraseando o trocadilho do prefeito do Rio, que ontem (11) afirmou que “quem não gosta de samba bom prefeito não é” (em referência à canção de Dorival Caymmi), o ministro disse que correria o risco de ouvir dos pernambucanos, seus conterrâneos: “quem não gosta de frevo bom ministro não é”.

"Imaginem vocês que, se viéssemos, por acaso, a atender uma solicitação do Rio de Janeiro, como ficaria a nossa posição diante de outras capitais, a exemplo de Salvador, Recife, Olinda, Fortaleza, Natal, que também têm grandes carnavais, e evidentemente todos os prefeitos se preocupam com a sua comunidade", declarou.

Se eu desse aqui e negasse a eles, por exemplo, os prefeitos das capitais poderiam dizer: quem não gosta de frevo bom ministro não é.

Raul Jungmann, ministro da Defesa (PPS-PE)

Jungmann participou nesta manhã de uma reunião com outras autoridades do governo federal, como o ministro da Justiça, Torquato Jardim, e com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB). Após o encontro, no Palácio Guanabara, eles assinaram um protocolo de intenções que garante a continuidade do Plano Nacional de Segurança e das ações integradas entre as forças policiais e militares até dezembro deste ano.

“Acho que não precisa [convocar tropas federais para atuar no Carnaval]. Sempre fizemos Carnaval com os nossos policiais. Não estamos dando férias. Vai precisar do RAS [Regime Adicional de Serviço, quando PMs trabalham no dia de folga] e nós já autorizamos o RAS. Não pedimos em nenhum momento as Forças Armadas”, disse Pezão.

"Acompanho a opinião do governador. Não identifico necessidade. O governador está recuperando a questão salarial e incorporando novos efetivos [das polícias Civil e Militar]. Está participando de um esforço juntamente com a secretaria [de Segurança Pública], comandada pelo secretário Roberto Sá, de melhoria de resultados. Não há descontrole, não há desordem. O governo do Estado enfrentou grandes eventos recentemente [como o Réveillon deste ano] sem necessitar de Forças Armadas", comentou Jugmann.

O ministro também declarou que o cronograma de ações integradas para este ano não inclui novos cercos militares, como o que foi realizado na favela da Rocinha, na zona sul carioca, em setembro do ano passado. Na ocasião, a comunidade foi palco de sangrenta disputa entre grupos rivais pelo comando do tráfico de drogas.

Ocupação [de favelas] está descartada no nosso plano em 2018.

Raul Jungmann (PPS-PE), ministro da Defesa

Crivella define regras do Carnaval

Na quinta (11), o prefeito do Rio anunciou que pediria ao governo federal apoio das Forças Armadas para reforçar a segurança no Carnaval e que serão contratados 3.375 agentes de segurança privada.

O efetivo extra se juntará à Guarda Municipal e à Polícia Militar no esquema de segurança durante o desfile dos blocos de rua e demais festividades do Carnaval.

"Os agentes serão de segurança privada e que eventualmente podem ser PMs em folga. Será contratada uma empresa acostumada a grandes eventos. Eles estarão desarmados e atuarão no apoio à GM e PM", explicou o presidente da Riotur, Marcelo Alves.

O investimento para contratação dos agentes será feito com recursos de patrocinadores, de acordo com a prefeitura. Foram captados R$ 38,5 milhões.

Ações integradas

Jungmann explicou que o protocolo de intenções que formaliza o plano integrado de segurança terá, para 2018, "metas e indicadores de resultados". Ou seja, ainda que o trabalho seja conjunto, o RJ e a União terão papéis individualizados, com metas específicas.

"Na área da Defesa, ao longo de 2017, nós participamos de 15 operações e mobilizamos mais de 31 mil militares. Os recursos investidos foram da ordem de R$ 43 milhões até aqui. A partir de agora essas ações serão intensificadas", disse.

"Uma outra medida específica: as Forças Armadas vão auxiliar e vão apoiar as polícias Rodoviária Federal e Federal no patrulhamento das vias de acesso e no entorno do Rio de Janeiro", completou o ministro.

O planejamento para este ano prevê ainda a aplicação de R$ 41 milhões do orçamento federal em programas sociais oferecidos por unidades militares sediadas no Rio de Janeiro. O expoente é o Profesp (Programa Força no Esporte), do Exército, que receberá neste ano mais de 50 mil jovens da capital e das cidades da Baixada Fluminense.

A íntegra do plano será apresentada na próxima reunião entre os governos estadual e federal, marcada para o dia 19 de fevereiro.