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Após pôr cargo à disposição, secretário de Segurança do Rio diz que evitou "mal maior"

Secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá (centro), em visita à Rocinha em setembro - Paula Bianchi/UOL
Secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá (centro), em visita à Rocinha em setembro Imagem: Paula Bianchi/UOL

Do UOL no Rio*

16/02/2018 13h32

O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Roberto Sá, afirmou nesta sexta-feira (16), após decisão do governo federal de intervir na segurança do Estado, que a crise fluminense tem relação direta com a falta de recursos e que sua gestão se esforçou para evitar um “mal maior”.

"Fui o criador do RAS [Regime Adicional de Serviço, uma espécie de hora extra], do sistema de metas, da RISP [Regiões Integradas de Segurança Pública] e um dos precursores da UPP [Unidade de Polícia Pacificadora]. Só que acabou o dinheiro e a gente continuou até porque o Rio merecia. Essa necessidade de, no momento mais crítico da história do país e do Rio de Janeiro financeiramente, evitar o mal maior, o que foi evitado: greves foram evitadas, caos maiores foram evitados, para agora poder fazer uma transição e passar para um momento de melhora", afirmou em entrevista ao RJTV, da "TV Globo".

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O presidente Michel Temer (MDB) assinou o decreto de intervenção, no começo da tarde de hoje, na presença do governador Luiz Fernando Pezão (MDB).

Sá informou que foi comunicado pelo governador na manhã de hoje da decisão sobre a intervenção e que colocou seu cargo à disposição.

"Hoje de manhã tivemos reunião em que o governador nos comunicou [a intervenção] e, naquele momento, deixei, de forma muito clara, o cargo à disposição do  governador para que essa pessoa [interventor] tenha toda liberdade escolher a quem queira designar."

A assessoria de imprensa do governo do RJ negou que Sá tenha sido afastado. Perguntado sobre a situação do secretário, Pezão disse apenas que o general Braga Netto terá autonomia para escolher seus auxiliares.

Segundo Sá, o interventor poderá designar outra pessoa para conduzir o trabalho junto às polícias. O general do Exército Walter Braga Netto, comandante militar do Leste, foi escolhido para assumir a segurança do Estado.

"Hoje de manhã tivemos reunião em que o governador nos comunicou (a intervenção) e naquele momento deixei, de forma muito clara, o cargo à disposição, o governador para que essa pessoa (interventor) tenha toda liberdade escolher a quem queira designar."

Sá negou que esse tenha sido o Carnaval mais violento do Estado e afirmou que a PM foi surpreendida por blocos gigantes e ficou sem “voz ativa”.

"Em termos numéricos, teve menos indicadores de criminalidade do que nos outros, com menos recurso. Claro que as imagens são impactantes e, quando são feitas e divulgadas, fica parecendo que está acontecendo várias vezes. Não tem instituto de segurança pública mais transparente que o nosso."

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Durante o Carnaval, diversos casos de violência foram registrados, como espancamentos, arrastões e assaltos."Havia um decreto em que as polícias civil e militar poderiam dar nada a opor para eventos de grande monta, mas foi revogado em 2016. Hoje, polícia é surpreendida com anúncio de blocos gigantes e, sem recurso, tem que atender. Há necessidade, sim, de polícias terem voz ativa e dizer: 'não tem condições de fazer três megablocos de 500 mil, 1 milhão de pessoas no mesmo dia. Com o recurso que temos, está no limite", disse Sá.

O governador embarcou na manhã de hoje para Brasília. Numa reunião tensa, que acabou por volta da 0h desta sexta, foi decidida a intervenção. Participaram do encontro o presidente Temer, Pezão, ministros e representantes do Congresso. Na prática, Pezão perderá todos os seus poderes sobre as corporações policiais.

*Com Estadão Conteúdo