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Defesa de João de Deus fala em "processo intimidativo" para gerar denúncias

O médium João de Deus no domingo (16) após prestar depoimento - Ernesto Rodrigues - 16.dez.2018/Estadão Conteúdo
O médium João de Deus no domingo (16) após prestar depoimento Imagem: Ernesto Rodrigues - 16.dez.2018/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

17/12/2018 19h38Atualizada em 17/12/2018 19h50

Um dia depois de o médium João Teixeira de Farias, conhecido como João de Deus, se entregar à polícia, sua defesa questionou nesta segunda-feira (17) o embasamento das investigações sobre as denúncias de abuso sexual e falou em um suposto "processo intimidativo" para levar a novas acusações. Segundo contagem feita por policiais e procuradores que atuam no caso, até a tarde de hoje havia relatos de 506 vítimas, vindas de todo o Brasil e de mais seis países.

"Até agora, tivemos acesso apenas a algumas poucas declarações, todas fornecidas pela Polícia Civil de Goiânia e, nelas, não há qualquer referência à participação de terceiros nos fatos narrados. Parece estar havendo um processo intimidativo indevido, talvez para ensejar novas denúncias e declarações", disse em nota o advogado Alberto Toron. 

Toron afirmou ainda que visitou "diversas vezes" a sede do Ministério Público em Goiânia, e teve acesso a apenas um procedimento investigativo que teria "apenas cópia" de reportagens exibidas pelo "Fantástico", da TV Globo, "sem cópia de nenhum dos inúmeros depoimentos que estão sendo divulgados pela imprensa." 

O advogado também negou que João de Deus tenha sacado R$ 35 milhões, como afirma o MP goiano. Segundo a defesa do médium, a movimentação se deve a "resgate de aplicações financeiras, não saque".

"Sequer está claro se houve realmente movimentação nesse valor. Pelo que a defesa teve conhecimento, apenas uma aplicação foi resgatada e em valores menores", disse Toron. 

A movimentação financeira foi um dos motivos pelos quais o MP pediu a prisão preventiva de João de Deus, que foi concedida pela Justiça. Segundo os procuradores, o médium retirou o dinheiro de contas e aplicações financeiras após as primeiras denúncias de abuso sexual. A defesa entrou com pedido de habeas corpus.

Até o fim da tarde de hoje, 15 mulheres que afirmam ter sido abusadas pelo médium já haviam prestado depoimento à Polícia Civil de Goiás. Ontem, João de Deus falou à polícia por três horas e se declarou inocente.