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João de Deus presta primeiro depoimento ao MP; Polícia Civil ouve esposa

O médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, deixa o IML de Goiânia no fim da noite de domingo (16) - Ernesto Rodrigues/Estadão Conteúdo
O médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, deixa o IML de Goiânia no fim da noite de domingo (16) Imagem: Ernesto Rodrigues/Estadão Conteúdo

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em São Paulo

26/12/2018 10h58

Foi encerrado por volta de 12h30 o primeiro depoimento de João Teixeira de Faria, 76, o João de Deus, ao Ministério Público na manhã desta quarta-feira (26), em Goiás. Ele está preso preventivamente (sem data para soltura) desde 18 de dezembro no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, sob suspeita de cometer crimes sexuais contra pessoas que procuravam tratamento espiritual.

Ainda hoje, policiais do Deic (Delegacia Estadual de Investigações Criminais) devem ouvir a mulher de João de Deus, Ana Keyla Teixeira, em Goiás.

O médium chegou ao MP por volta das 10h sob forte escolta policial. Os promotores receberam quase 600 denúncias por e-mails de pessoas que se dizem vítimas de assédio ou abuso. Desses casos, 77 foram ouvidos pela força-tarefa que conta também com agentes da Polícia Civil.

A defesa do médium nega os crimes.

Em duas operações da polícia com o Ministério Público, na semana passada, a força-tarefa apreendeu R$ 1,6 milhão em espécie, armas, medicamentos em endereços ligados a João de Deus. Também foram localizadas dezenas de pedras que podem ser preciosas e um fundo falso, dentro de um guarda-roupa, onde estava um cofre vazio.

O advogado de João de Deus, Alberto Toron, negou que o dinheiro seja ilícito. Segundo Toron, as quantias eram guardas em cofres por "medo de assaltos".

Em razão das armas sem registro, foi expedido um segundo mandado de prisão. Sobre essa investigação, testemunhas estão sendo ouvidas.

A Polícia Civil concluiu a primeira investigação e indiciou o médium pelo crime de violação sexual mediante fraude, em 20 de dezembro. Isso significa que a Polícia considera que os indícios são suficientes para que o suspeito seja denunciado criminalmente pelo Ministério Público.

Essa investigação tratou, especificamente, da denúncia de uma mulher de 39 anos que contou ter sido abusada em 24 de outubro deste ano.

As denúncias contra João de Deus vieram à tona após 13 pessoas relatarem os abusos à TV Globo e ao jornal O Globo, em 8 de dezembro. Desde então, uma força-tarefa colheu depoimentos de supostos abusos cometidos pelo médium de denunciantes de dentro e fora do Brasil.

João de Deus ganhou fama internacional pelos tratamentos espirituais que afirmava fazer. Políticos, empresários e apresentadores de TV já procuraram os trabalhos do auto declarado médium.