Brumadinho: ação pública cobra R$ 30 bi da Vale por danos morais coletivos
A entidade Rede de Organizações Não-Governamentais da Mata Atlântica ingressou, no fim da tarde desta quarta-feira (30), com uma ação civil pública contra a mineradora Vale pedindo uma indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 30 bilhões.
A entidade, que reúne mais de 200 organizações ambientais do país, ainda quer indenizações de R$ 500 mil a R$ 1 milhão para familiares de mortos e vítimas que sobreviveram ao rompimento da barragem de Brumadinho na última sexta-feira (25). A ação é assinada por seis advogados de três escritórios diferentes e será analisada pela 6ª Vara de Belo Horizonte.
Até a noite desta quarta, o Corpo de Bombeiros de MG confirmou 99 mortos e 259 desaparecidos.
Segundo a petição, a entidade leva em conta os "danos impostos à sociedade" e cita que o episódio "gerou graves danos também no plano material, destruindo e desvalorizando propriedades, impedindo a realização do trabalho e diminuindo as condições de vida de uma grande quantidade de pessoas".
O valor da indenização pedido usa como referência informação do site da empresa de que ela valeria R$ 300 bilhões na data de 7 de junho de 2018. O montante pedido "corresponde a 10% do valor de mercado da empresa requerida", que seria "capaz de lhe impor uma mudança de comportamento em relação ao seu dever de dar cumprimento aos princípios da prevenção e da precaução."
Se a Vale for condenada, a indenização deverá ser revertida ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos de Minas Gerais.
Já quanto a indenizações individuais, os valores pedidos são de R$ 1 milhão por família em caso de morte; e R$ 500 mil por vítima que esteve em "situação imediata de risco pessoal."
Para receber o valor, porém, a pessoa deve pedir para ingressar como participante no processo e comprovar ter o direito a receber uma indenização.
Ainda no início da semana, a Vale anunciou uma doação de R$ 100 mil a cada uma das famílias vítimas da tragédia. O valor, entretanto, não seria um pagamento de indenização, mas uma ajuda inicial.
Segundo um dos advogados da causa, Márlon Reis, a Rede decidiu entrar com a ação por ter "grande representatividade e experiência" e agregar um fato jurídico ao debate de responsabilização da Vale. "A sociedade civil organizada tem grandes responsabilidades na defesa dos direitos socioambientais e agora se soma às instituições que buscam a responsabilização dos que promoveram a tragédia de Brumadinho", diz.
Medo de uma "Mariana 2"
A entidade ambiental afirma que teme que o caso se transforme em uma "Mariana 2" ao citar que a Vale pode buscar "reproduzir em relação a esta demanda a mesma estratégia adotada".
"Naquela ocasião, a Vale ostensivamente optou por protelar o término das demandas, em lugar do diálogo e da conciliação. O resultado disso é a explosão no número de demandas individuais, a ponto de comprometer a própria qualidade da atuação do Poder Judiciário em termos de presteza e celeridade", afirma a ação.
Ainda segundo a petição, desde o acidente de 2015, a Vale se usaria de propaganda enganosa. "Ao tomar posse como diretor-presidente da Vale, em 22 de maio de 2017, Fabio Schvartsman afirmou que sua gestão seria focada em quatro pilares: performance, estratégia, governança e sustentabilidade, em discurso dado a funcionários da mineradora. Durante sua fala, destacou também que o lema da empresa seria 'Mariana nunca mais'", diz trecho da ação.
A ONG alega ainda questões ambientais, e diz que as consequências do rompimento afetam diretamente o curso do córrego do Feijão e do rio Paraobepa. "Além de Brumadinho, as populações de pelo menos cinco cidades estão diretamente submetidas aos riscos decorrentes do desabamento da barragem", aponta.
Procurada no início da noite desta quarta-feira, a Vale ainda não retornou ao UOL sobre a ação civil pública.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.