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CNBB: campanha da fraternidade alerta contra 'retrocesso' em direitos

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

06/03/2019 13h32

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) lançou nesta quarta-feira (6) a Campanha da Fraternidade deste ano com o lema "Fraternidade e Políticas Públicas" e a mensagem de que as ações do governo devem olhar os mais pobres e não podem retirar direitos dos trabalhadores.

"As políticas públicas devem assegurar, devem efetivar direitos fundamentais da população, a começar dos mais pobres. O bem dos pequenos, dos fragilizados é critério para assegurar se a política está efetivamente a serviço do bem comum", afirmou o cardeal dom Sergio da Rocha, presidente da CNBB.

"Os pobres e excluídos não podem ser esquecidos, ao contrário, devem ser considerados com especial atenção na elaboração das políticas públicas", afirmou o cardeal. 

Perguntado por jornalistas sobre a posição da CNBB sobre a proposta de reforma da previdência do governo Jair Bolsonaro (PSL), o cardeal Sergio da Rocha afirmou que a instituição ainda não analisou oficialmente a proposta, mas defendeu que a reforma não retire direitos e que olhe para as necessidades dos mais pobres.

"Nesse momento nós ainda não temos uma nota pública a respeito, mas vale em relação à reforma da previdência aquilo que já temos afirmado anteriormente, isto é, que não se penalize aqueles que já são mais sofridos na sociedade, que não haja perda de direito da parte dos trabalhadores", afirmou Rocha. 

Nesse momento de elaboração de uma proposta de reforma da previdência é necessário considerar esses trabalhadores, o nosso povo mais pobre, mais sofrido, que necessita ser assistido e não ser sacrificado ainda mais.

Cardeal dom Sergio da Rocha, presidente da CNBB

Dodge: Constituição quer políticas para todos

Presente ao evento, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que a Constituição Federal também determina que as ações de governo contemplem toda a sociedade. 

O que se quer, e o que a Constituição brasileira quer, é que as políticas públicas sejam para todos, elas têm que ser desenhadas de modo a atender toda a população e que não excluam ninguém.

Raquel Dodge, procuradora-geral da República

O cardeal afirmou que o tema da campanha da fraternidade desse ano, cujo lema é "Serás libertado pelo direito e pela justiça", já estava definido há dois anos e que a CNBB não busca uma atuação sobre a política partidária.

"Nós temos ressaltado aquilo que já em governos anteriores tínhamos alertado: para que não ocorra perda de direitos sociais, que não ocorram retrocessos na conquista de direitos sociais", disse Rocha.