Guilherme liderou massacre; polícia pede apreensão de 3º envolvido
Resumo da notícia
- Segundo a Polícia, Guilherme, de 17 anos, teria sido o mentor do ataque
- Polícia investiga a participação de uma 3ª pessoa, um menor que estudou com Guilherme
- Motivação dos jovens seria de "caráter pessoal, buscando reconhecimento da sociedade"
- Jovens se inspiraram no atentado de Columbine, ocorrido em 1999 nos EUA
- Polícia não vê relação do massacre com participação dos autores na deep web
- A causa da morte dos atiradores ainda é investigada
A Polícia Civil informou na tarde de hoje, em entrevista coletiva, que Guilherme Taucci Monteiro, 17, foi o mentor do massacre que matou pelo menos 10 pessoas e deixou outras 11 feridas na escola Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo. "O líder na dupla era o Guilherme", disse o delegado Ruy Ferraz Fontes.
A polícia também revelou que investiga a participação de uma terceira pessoa que teria auxiliado no planejamento do atentado. O terceiro participante é um menor e já teve sua apreensão pedida.
De acordo com o delegado, o mais velho da dupla de executores, Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, "não tinha uma personalidade tão firme a ponto de impedir [Guilherme] ou deixar de ingressar na execução do crime".
Terceiro participante
A terceira pessoa que a polícia investiga, e que teria atuado na elaboração do ataque à escola, também estudou na instituição e frequentou a mesma sala que Taucci. A polícia, no entanto, não revelou especificidades sobre qual a influência dela no massacre.
"Houve a participação de um outro menor nessa trama, de planejamento", disse o delegado Fontes.
Questionado sobre detalhes na participação desse menor, o delegado afirmou que já tem mais informações, mas não pode revelar para não prejudicar a investigação.
Disse apenas que ele ajudou Guilherme e Luiz Henrique com informações no planejamento e que não participou das ações no dia do massacre.
Motivação: reconhecimento e inspiração em Columbine
O delegado Fontes afirmou que a motivação da dupla seria "de caráter pessoal, buscando reconhecimento por parte da sociedade e da comunidade". Ele disse que Guilherme teve como intenção realizar o massacre especificamente na escola onde estudou, e não em outra.
Fontes afirmou que a polícia já chegou à conclusão de que os dois atiradores queriam agir como no massacre de Columbine - atentado em uma escola dos EUA, em 1999, onde 12 alunos e um professor foram mortos por dois atiradores.
Queriam fazer como aconteceu na escola de Columbine, com crueldade e caráter trágico, para que fossem mais reconhecidos que eles [atiradores da escola nos EUA]
delegado Ruy Ferraz Fontes
Questionado sobre a relação entre o massacre e um possível bullying sofrido na escola por Guilherme - a mãe do adolescente chegou a dizer que ele era alvo de piadas por ter muitas espinhas no rosto -, o delegado afirmou que essa era uma questão secundária e "não tão significativa".
Deep web
Os policiais não revelaram detalhes sobre como se dava a relação de Guilherme e Luiz Henrique com fóruns e grupos na deep web - espécie de submundo da internet onde o conteúdo não é encontrado em mecanismos de busca -, mas relativizaram a importância desse fator.
Não temos nenhuma evidência de que eles estivessem consultando a deep web para poder ter material suficiente para executar o que executaram
delegado Fontes
Os investigadores, no entanto, estão extraindo todas as informações dos celulares e computadores dos autores do ataque. Ontem, a polícia apreendeu equipamentos e cadernos utilizados pelos dois executores. As autoridades também colheram depoimentos de 16 testemunhas até o momento, além de inspecionar as residências dos jovens assassinos e a lan house onde costumavam se encontrar.
Logo após o ataque, surgiram informações sobre a participação de Guilherme e Luiz Henrique no fórum virtual conhecido como Dogolachan, conhecido por abrigar fomentadores do discurso de ódio, de racismo, misoginia e homofobia.
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, chegou a afirmar hoje que não descarta a possibilidade de uma organização criminosa ter responsabilidade pelas mortes em Suzano. Segundo o procurador, o Ministério Público vai atuar com o núcleo de investigações cibernéticas do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) para investigar o comportamento dos jovens na internet.
Assassinato do tio de Guilherme
Ainda de acordo com as investigações, Guilherme decidiu matar o tio, Jorge Antonio de Moraes, dono de uma loja de carros, porque teve atritos com o familiar, de quem chegou a ser empregado. O adolescente foi demitido do local por, segundo a polícia, ter cometido pequenos furtos.
"Ele não era reconhecido pelo tio, apesar de ter sido contratado para trabalhar na empresa, foi demitido após realizar pequenos furtos, e a informação que temos é que ele [Guilherme] era o líder da dupla", afirmou o delegado Ruy Ferraz Fontes, responsável pelas investigações.
Dúvidas sobre a morte dos atiradores
Na entrevista, Ruy Ferraz Fontes ainda afirmou que não existem informações concretas sobre como os atiradores teriam morrido, e que não sabe se havia um pacto entre os dois.
Inicialmente, a polícia divulgou que os dois executores teriam cometido suicídio. Depois, informou que um dos autores teria matado o outro e, depois, cometido suicídio.
"É um trabalho que estamos fazendo, mas, por enquanto, isso é só uma presunção", disse, sobre o fato de um ter matado o outro de depois se suicidado.
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