Carro da Polícia Civil fica aberto e com arma exposta durante ação em SP
Um vídeo gravado ontem por um cinegrafista amador, que não teve sua identidade revelada, mostra um carro do GOE (Grupo de Operações Especiais), da Polícia Civil, estacionado em cima de uma calçada, sem guardas, com vidros abertos e armas expostas, em Santos, litoral de São Paulo.
De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), os policiais cumpriam ontem à tarde uma ação de combate ao tráfico de drogas e crimes contra o patrimônio, e o carro estaria no local para cumprimento de um mandado de prisão.
Durante as investigações, ainda segundo a SSP, "um dos agentes manteve-se próximo ao veículo para realizar sua guarda e dos materiais que estavam dentro dele". Nas imagens gravadas, porém, não é possível ver nenhum policial ao lado do carro.
No vídeo, o cinegrafista amador afirma ter visto três policiais saindo do veículo e se dirigindo à portaria de um prédio localizado ao lado.
A SSP diz que os policiais envolvidos serão ouvidos formalmente e serão "repassados procedimentos técnicos".
Erro "imperdoável"
Para o coronel José Vicente da Silva, que comandou a Polícia Militar paulista e foi secretário nacional de Segurança Pública do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o vídeo mostra uma atitude "imperdoável" dos policiais.
"São dois aspectos. O primeiro é a viatura aberta com armamento de alto poder de destruição ao alcance de qualquer pessoa. Não só criminosos, como até uma criança pode entrar, pegar e fazer o uso", diz o coronel.
"O outro é uma possível infração de trânsito. A viatura só pode parar em lugar não permitido numa atividade operacional de urgência e se o veículo estiver identificado com as luzes da sirene acesas", aponta.
Vicente da Silva diz que o momento do vídeo parece contradizer a versão dada pela SSP, pois não é possível ver nenhum agente fazendo a guarda da viatura.
Segundo o coronel, é preciso que a Polícia Civil, "caso não tenha", elabore um procedimento padronizado de segurança no trabalho, assim como tem a Polícia Militar. "Um dos itens mais importantes é o cuidado com o armamento. Os equipamentos podem ser usados contra eles."
Corregedoria investiga o caso
À reportagem, a Corregedoria da Polícia Civil informou que investiga o caso e que um procedimento foi aberto pela Corregedoria auxiliar de Santos.
Segundo o órgão, o vídeo parece mostrar uma falha, mas todos os procedimentos de apuração ainda serão tomados para esclarecer o caso.
Benedito Domingos Mariano, ouvidor das polícias de São Paulo, afirmou que a Ouvidoria também abriu procedimento investigatório e irá apurar os indícios de negligência.
O homem que filmou a cena já foi identificado e também prestará depoimento para a investigação. De acordo com a Corregedoria, caso seja provada a negligência, os policiais podem sofrer penalidades e até serem expulsos da corporação.
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