Mandante de morte de Gritzbach chefiou da prisão ações do PCC em 4 estados

O traficante na mira da ação da Polícia Civil para prender o mandante do assassinato de Vinicius Gritzbach chefiou ações do PCC em quatro estados mesmo quando estava preso. As informações fazem parte de um documento do Ministério Público de São Paulo obtido pelo UOL. Apontado como delator do PCC, Gritzbach foi morto a tiros no aeroporto de Guarulhos em novembro de 2024.

O que aconteceu

Ações foram coordenadas de dentro de um presídio pelo celular. Em junho de 2008, Emilio de Carlos Gongorra Castilho, conhecido como João Cigarreiro ou Bill, foi preso e levado para a penitenciária estadual Adriano Marrey, em Guarulhos, na Grande São Paulo.

De lá, comandou as ações de um núcleo ligado ao PCC. A informação consta em documento elaborado pelo Grupo Especial de Delitos Econômicos do MP.

Com o monitoramento das ligações telefônicas, foi possível se constatar que Emilio , mesmo estando preso (...), continuou a liderar as atividades do grupo criminoso (...). Através do uso indiscriminado de telefones celulares, ele transmitia de dentro do presídio suas ordens aos membros do grupo. [Emilio] também era responsável por determinar e acompanhar as manobras de operações de lavagem de dinheiro.
Trecho de documento do MP-SP obtido pelo UOL

Suposto mandante de morte do delator do PCC não foi localizado pela polícia na operação desta quinta-feira. Coluna de Josmar Jozino trouxe a informação de que ele sequestrou Gritzbach em 2022, levando-o ao "tribunal do crime" da facção criminosa paulista.

Negócios entre PCC e CV

Traficante do PCC chefiou ações em quatro estados, indica o MP. No Estado de São Paulo, as ações ocorreram em Santo André, Mauá e na capital paulista, segundo a Promotoria. De acordo com a investigação, as atividades criminosas chefiadas por João Cigarreiro também ocorreram no Rio de Janeiro, na capital mineira Belo Horizonte, em Campo Grande (MS) e em Ponta Porã, na divisa com o Paraguai.

Ações envolviam os crimes de lavagem de dinheiro e negócios com o Comando Vermelho, facção criminosa do Rio. Transporte de dinheiro do tráfico do Rio a São Paulo movimentou mais de R$ 200 mil em junho de 2008, indicam as anotações da organização criminosa em material anexado à denúncia do MP.

Análise de extratos bancários rastreou a lavagem de dinheiro com o auxílio de empresas de fachada em MS. Com base no material, foi possível verificar uma movimentação financeira de R$ 700 mil entre 2008 e 2009.

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Em 2014, João Cigarreiro e outros nove suspeitos de integrar o núcleo ligado ao PCC foram condenados a oito anos e quatro meses de prisão. O grupo também é investigado por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e associação criminosa, segundo o MP.

Braço direito de homem forte do PCC

Cara Preta, ligado à cúpula do PCC, e o motorista dele, Antônio Corona Neto, o Sem Sangue
Cara Preta, ligado à cúpula do PCC, e o motorista dele, Antônio Corona Neto, o Sem Sangue Imagem: Reprodução

Cigarreiro era um braço direito de Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o "Cara Preta", morto em dezembro de 2021. Segundo o Ministério Público de São Paulo, Cara Preta era um integrante do PCC envolvido com o tráfico internacional de drogas e outros delitos. Gritzbach foi acusado pelo MP-SP pelo assassinato de Cara Preta, mas sempre negou o crime.

Dívida motivou desavença. Segundo a polícia, Cigarreiro deu R$ 4 milhões para o empresário Vinicius Gritzbach investir em criptomoedas, mas ele não teria recebido o dinheiro de volta.

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Antônio Vinícius Lopes Gritzbach se dizia ameaçado de morte pelo PCC e pivô de uma guerra interna na facção criminosa. O empresário foi atingido por quatro disparos ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos em 8 de novembro.

O veículo usado no crime foi abandonado nas imediações do aeroporto. Dentro dele, havia munição de fuzil e um colete à prova de balas.

Além de Gritzbach, outra pessoa morreu e duas ficaram feridas. O motorista Celso Araújo Sampaio de Novais, 41, foi levado para a UTI após ser atingido por um tiro nas costas, mas não resistiu e morreu no sábado (9). Samara Lima de Oliveira, 28, e o funcionário de uma empresa terceirizada do aeroporto, Willian Sousa Santos, 39, também foram socorridos ao Hospital Geral de Guarulhos.

4 comentários

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Marcio José Santana

Em pleno 2025 como pode celular em penitenciária,  os caras bloqueiam iptv mas não conseguem bloquear celular .. confia q vai dar certo esse país.

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Marcos Pacifico da Silva

Facções têm presença política, policial e judiciária. Um câncer de difícil cura.

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Jose Renato de Moraes

Queria so saber porque a UOL ta danto tanto enfase pra esse cara sendo que temos matérias que ja foram muito mais importantes e nem deram tanta atenção assim...

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