Preso com Marcola em Brasília, "general" do PCC é condenado a 30 anos
Resumo da notícia
- Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, foi condenado a 30 anos de prisão ontem
- Integrante da cúpula do PCC, criminoso tem longa ficha corrida e é aliado de Marcola
- No sistema federal desde 2016, ele voltou a ficar junto ao líder do PCC neste mês
- Em depoimentos a polícia e MP, Vida Loka nega que faça parte da chefia do grupo
A Justiça de São Paulo condenou ontem (26) a mais 30 anos de prisão Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka. Ele está detido na penitenciária federal de segurança máxima de Brasília, junto a Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, principal chefe do PCC (Primeiro Comando da Capital). Vida Loka é apontado pelo MP (Ministério Público) como um dos principais líderes do grupo e é comparado a um "general" dentro do crime organizado.
Com ficha criminal longa, sendo a primeira prisão datada em 7 de novembro de 1996, segundo sua folha de antecedentes, Vida Loka já havia sido condenado a 17 anos de prisão pelos crimes de roubo, sequestro e cárcere privado, formação de quadrilha, porte ilegal de armas, receptação, ameaça, dano, motim de presos, corrupção de menores, homicídio e tráfico de drogas. Vida Loka nega ser do PCC e se diz um "preso comum" (veja mais abaixo).
O "general" é apontado como liderança do PCC desde o início do século. No início das investigações sobre a facção, ele era tido como o número 2 do grupo, abaixo apenas de Marcola.
"O sentenciado já foi incluído quatro vezes no regime disciplinar diferenciado [regime de isolamento], nos anos de 2003, 2005, 2007 e 2012. É apontado como um dos generais do PCC e e pertence ao 1º escalão da facção", apontou a promotora Rosana Cláudia Calnim Pires Bruno, em abril de 2017.
Vida Loka esteve em 4 dos 5 presídios federais
Entre 2007 e 2016, Vida Loka ficou preso no oeste do estado de São Paulo, junto a toda a cúpula da facção, passando pela penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), e pelo regime de isolamento, que fica em Presidente Bernardes (SP).
Em 16 de junho de 2016, foi enviado para o sistema penitenciário federal. Das cinco prisões federais existentes, Vida Loka passou por quatro: Catanduvas (PR), Porto Velho (RO), Mossoró (RN) e, desde outubro do ano passado, Brasília.
Segundo o juiz Gabriel Medeiros, da 1ª Vara Criminal de Presidente Venceslau, ficou comprovado que Vida Loka era um dos líderes do grupo através da acusação.
"Não há dúvidas de que o acusado não apenas participava da liderança da organização criminosa, como também era informado de todos os passos dados pela facção, tendo o poder de gerenciar os atos dos demais membros", escreveu o magistrado.
Penas por formar a "sintonia dos gravatas"
A condenação de ontem ocorreu no âmbito da operação Ethos, da Polícia Civil e da Promotoria paulistas. Em fevereiro do ano passado, Marcola e Cleber Marcelino Dias dos Santos, o Clebinho, já haviam sido condenados a 30 anos de prisão pela mesma acusação contra Vida Loka. Em janeiro deste ano, Antonio José Muller Junior, o Granada, e Eric Oliveira Farias, o Eric Gordão, também foram condenados à mesma pena.
A acusação feita pelo MP é de que esses integrantes determinaram a formação e a prática da chamada "sintonia (setor) dos gravatas" -- grupo de advogados que repassava informações entre membros do PCC presos e em liberdade.
Vida Loka diz ser "preso comum"
Em depoimentos de Vida Loka à polícia e à Promotoria, obtidos pelo UOL, ele afirma que nunca pertenceu ao PCC, que é um "preso comum", que desconhece os motivos que o relacionam à facção e que nunca exerceu nenhum poder dentro do crime organizado.
Em pedidos de habeas corpus, sempre negados pela Justiça paulista, a defesa argumenta que "em momento algum ficou comprovado que o requerente faz parte de organização criminosa PCC".
Marcola e Vida Loka estão presos em Brasília com Roberto Soriano, apontado no início das investigações como o número 3 da facção, e outros sete integrantes da cúpula do PCC - entre eles, Alejandro Juvenal Herbas Camacho Junior, o Marcolinha, irmão do chefe do grupo. O presídio da capital federal é o local que abriga a maior parte da chefia da facção criminosa paulista.
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