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A agonia dos familiares que aguardam os resgates dos escombros na Muzema

12.04.2019 - Thailane Pontes Pontes, sobrinha de Raimundo Nonato Nascimento, uma das vítimas de desabamento no Rio - Marina Lang/UOL
12.04.2019 - Thailane Pontes Pontes, sobrinha de Raimundo Nonato Nascimento, uma das vítimas de desabamento no Rio Imagem: Marina Lang/UOL

Marina Lang e Marcela Leite

Colaboração para o UOL, no Rio, e do UOL em São Paulo

12/04/2019 21h53

No fim desta tarde, a garçonete Thailane Pontes ainda aguardava que os bombeiros encontrassem seus primos: Lauane, 15, e Isaac, 9.

Eles são filhos do tio dela, o motorista Raimundo Nonato do Nascimento, 40, uma das quatro pessoas confirmadas mortas no desabamento na Muzema, no Rio de Janeiro.

Construídos sem autorização, segundo a prefeitura do Rio, dois edifícios caíram na manhã de hoje e deixaram, além dos mortos, 11 pessoas feridas.

Há ainda 13 desaparecidos - incluindo os primos de Thailane.

"A gente se sente muito abandonado, à mercê. O que aconteceu hoje é uma fatalidade não só para mim, mas para muitas famílias. [...] Não é só o estado, mas é o país. O Brasil está abandonado por pessoas que eram para cuidar de nós"

Thailane Pontes, sobrinha de Raimundo Nonato do Nascimento

Mais cedo, Paloma, casada com Raimundo, foi retirada com vida dos escombros juntamente com dois dos quatro filhos do casal: Pedro Lucas, 3, e Rafael, 5.

Segundo Thailane, a família saiu do aluguel há quatro meses, quando Raimundo vendeu a van que dirigia e conseguiu realizar o sonho de ter uma casa própria - hoje desmoronada.

"Ver que ele se foi assim dói. Estava tão feliz com a casinha dele, com os filhos e com a esposa... Dói", afirmou emocionada.

Horas de espera

Enquanto os bombeiros trabalhavam sobre os escombros, Jandir Trajano aguardava notícias de quatro familiares: o irmão Jefferson da Silva Trajano, 29, a cunhada Carla Batista e os sobrinhos Arthur, 4, e Enzo, 6.

"Meu irmão estava dormindo no restaurante em que trabalhava por causa das chuvas, mas ontem decidiu ir com a família para casa. Falei com ele 1h da manhã, ele estava no ponto de ônibus. Depois não falei mais", contou.

Segundo Trajano, a família desaparecida vivia havia poucos meses no térreo de um dos prédios que caiu.

Ele chegou a morar com os familiares e deixou o local há poucas semanas.

"Eu vim da Paraíba há três meses, morei aqui durante dois meses com eles e minha mulher. Saí tem algumas semanas e moro em Vargem Grande. Vim correndo para cá e estou conversando com os nossos pais, que estão na Paraíba, preocupados", lamentou.

Apesar de as horas correrem, ele ainda tem esperanças de encontrar os parentes com vida. "O prédio em que eles estavam caiu em efeito dominó, então tem muitos bolsões ali, se forem rápidos eu acho que conseguem resgatá-los com vida", disse.

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