Vítima de suspeito de estupros em série diz que ato durou mais de 2 horas
O relato de uma jovem de 14 anos ao UOL revela como agia com violência, ameaça e intimidação o suspeito de ser um estuprador em série, que foi preso ontem em Maceió. "Até hoje tenho medo de sair na rua, de encontrar um carro na rua", diz a jovem, que ajudou a polícia na investigação, foi uma das vítimas a denunciar o caso e pediu para não ter a identidade revelada.
Benício Vieira de Lima, 46, era servidor da Câmara de Maceió e foi detido no bairro litorâneo de Guaxuma suspeito de pelo menos 24 estupros de jovens entre 11 e 18 anos desde 2015. A defesa do suspeito nega as denúncias de estupro.
A menina conta que era final de novembro e ela estava andando só na rua quando foi abordada pelo suspeito, que lhe pediu inicialmente informações.
Quando cheguei perto ele disse que não era pra gritar. Ele mostrou uma arma, [eu] estava muito nervosa, não pude ter certeza [se era uma arma]. Ele me colocou dentro do carro, colocou um pano no rosto e me trouxe pra local onde foi feito
Jovem de 14 anos, que pediu para não ter identidade revelada e foi vítima de estupro
Dentro do carro, a jovem conta que conseguiu tirar a venda. Com sua ajuda, a polícia descobriu que os crimes ocorriam dentro de uma casa no bairro do Farol que também servia de escritório para o vereador Chico Filho (PP). O parlamentar e a Câmara divulgaram nota repudiando o crime e informando da exoneração imediata do servidor. Eles afirmaram que desconheciam os fatos.
A adolescente diz que ficou com o rapaz sendo estuprada por mais de duas horas. "Ele me pegou às 19h e voltei quase 22h", lembra. "Ele era muito violento, ameaçava que, se não fizesse o que pedia, iria me matar. Fiquei com medo também porque ele disse que, se gritasse, viriam mais três homens que estariam lá para dentro", afirma.
Depois do crime, ele a colocou no carro e a deixou próxima de sua casa. "Ele me ameaçou que não era pra contar a ninguém, e que poderia me machucar se falasse", relata. A vítima afirmou que, por medo, procurou o serviço de saúde três dias após o caso. Ela ainda revelou que foi apoiada pelo seu pai, que a acompanhou durante todos os procedimentos.
Com as informações passadas pela jovem, a investigação da polícia confirmou que o suspeito de estuprar as jovens era o mesmo e seguia o mesmo ritual. Segundo a polícia, o suspeito cometia os crimes desde 2015 e nove das vítimas já fizeram o reconhecimento do preso.
Mais cinco denúncias
Após a divulgação, a delegada Ana Luiza Nogueira, responsável pela investigação, disse ao UOL que mais cinco mulheres procuraram delegacias para denunciar o agressor. "No transcorrer do dia, as vítimas procuraram a delegacia, reconhecendo ele e citando sempre o 'modus operandi'", diz. Além dessas cinco pessoas, mais dez pessoas serão ouvidas.
Para praticar o crime, o homem usava dois veículos: um Corolla e um Cobalt. "Ele conversava com as vítimas, pedia que se aproximasse para pedir informação sobre determinado local ou ponto. Era aí que ele arrebatava para dentro do veículo à força. Somente em um dos casos ele convenceu uma jovem a entrar, mesmo assim dizendo que era para ir mostrar um local. As que resistiam ele mostrava uma arma", explica a delegada.
Na casa em que funcionava o escritório, havia um pequeno quarto na lateral, com uma cama. "Nesse local foram achados dois materiais biológicos: resto de esperma e sangue no colchão, que será periciado", afirma Ana Luiza.
O suspeito foi indiciado por estupro e estupro de vulnerável e, de acordo com a delegada, deve pegar uma pena dura. "Ele tem nove mandados de prisão em aberto, e vai pegar uma pena bem grande, que passe dos 100 anos, porque cada caso conta uma pena", avalia.
Outro lado
O advogado Adriano Bispo, que defende Lima, diz que o cliente nega as acusações de estupro. "A princípio ele nega, mas ainda não tivemos acesso às informações do inquérito para saber bem quais as acusações. O que sabemos é que houve alguns reconhecimentos dele, mas não podemos entrar em detalhes porque são acusações graves e complexas", diz.
Em nota, o vereador Chico Filho (PP), onde o servidor estava lotado, explica que "está assustado da mesma forma que toda sociedade, pois o assessor tinha mais de 15 anos de convívio familiar" e que "em nenhum momento sabia do uso de seus veículos ou de seu escritório para prática de crimes". Já a Câmara Municipal divulgou nota de repúdio aos crimes e informou a imediata demissão.
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