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Baixas doações a Museu Nacional geram críticas e comparação com Notre-Dame

A Catedral de Notre-Dame, em Paris, e o Museu Nacional, no Rio, ambos destruídos pelo fogo - Arte/UOL
A Catedral de Notre-Dame, em Paris, e o Museu Nacional, no Rio, ambos destruídos pelo fogo Imagem: Arte/UOL

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

17/04/2019 15h56

Horas depois de um incêndio atingir na segunda-feira a Catedral de Notre-Dame, em Paris, empresas, milionários franceses e até uma cidade húngara haviam se mobilizado para contribuir com a reconstrução do monumento histórico. O saldo foi de R$ 2,6 bilhões em menos de um dia após o ocorrido.

Pessoas no Brasil foram às redes sociais para comparar a generosidade dos milionários europeus com a da elite aqui quando o Museu Nacional, o mais antigo do país, pegou fogo em setembro do ano passado no Rio.

Passados sete meses da tragédia, o museu contabilizou um total de R$ 1,1 milhão em doações para reconstruir o edifício histórico, que serviu de residência para a família real portuguesa de 1808 a 1889 e hoje é considerado o maior museu de história natural e antropológica da América Latina.

Considerando os valores arrecadados por meio da Sociedade dos Amigos do Museu Nacional, um associação sem fins lucrativos criada para apoiar a instituição, 90% desse montante veio de doações feitas por pessoas físicas. Apenas R$ 15 mil tiveram origem em empresas. Os maiores doadores foram o governo alemão, com cerca de R$ 800 mil, e o consulado da Inglaterra, R$ 150 mil.

A Alemanha pode doar mais, segundo o Museu Nacional informou, o que poderia elevar as doações a R$ 4,4 milhões.

Patrimônios históricos exigem manutenção

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Empresas e cidadãos que ainda quiserem ajudar a reerguer o Museu Nacional podem enviar o dinheiro para a associação (site oficial), porque a legislação brasileira não permite doações diretas a órgãos públicos.

No caso francês, só a família Pinault --que controla a Gucci-- anunciou uma doação, por meio de sua empresa de investimentos Artemis, do equivalente a R$ 439 milhões. O conglomerado de moda LVMH (Louis Vuitton Moet Hennessy), por sua vez, divulgou uma doação milionária (R$ 878 milhões), além de recursos arquitetônicos e de design.

A bilionária brasileira Lily Safra também fez uma doação significativa à Notre-Dame, o que gerou críticas nas redes sociais. Ela teria enviado um cheque de 20 milhões de euros (cerca de R$ 88 milhões) para a campanha em prol da reconstrução da catedral.

Os internautas também relembraram a frase dita pelo hoje presidente Jair Bolsonaro (PSL), durante a campanha eleitoral no ano passado, ao comentar o incêndio do Museu Nacional. Ele disse: "Já está feito, já pegou fogo, quer que faça o quê?", ao ser questionado sobre o incidente durante entrevista. Ao povo francês, Bolsonaro prestou solidariedade horas após o incêndio.

A própria entidade também lamentou o incêndio da catedral, por meio das suas redes sociais.

A reconstrução do Museu Nacional

O museu carioca é administrado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que encabeça as obras de reconstrução. Segundo a entidade, assim que houve o incêndio, o MEC (Ministério da Educação) liberou R$ 8,9 milhões para obras emergenciais, como escoramento de paredes e estruturas internas.

À época, o governo de Michel Temer (MDB) havia anunciado que seriam investidos R$ 45 milhões em 2019 para a reconstrução do museu. O diretor da instituição, o paleontólogo Alexander Kellner, avaliou na ocasião que seriam necessários cerca de R$ 100 milhões.

Atualmente, a reconstrução do museu está no fim da primeira etapa. A cobertura provisória começou a ser feita no dia 21 de setembro e tinha previsão para terminar em março, mas não foi terminado e deve ser concluído até o fim do mês.

Finalizada a primeira etapa, será preciso que uma empresa seja contratada por meio de uma licitação para que a reforma, de fato, tenha início. Não há prazo para que as obras comecem.

Com mais de 20 milhões de itens e dois séculos de história, o Museu Nacional foi fundado por dom João 6º em 1818, como Museu Real (em outro local). Hoje está localizado no parque Quinta da Boa Vista, no bairro de São Cristóvão, zona norte do Rio de Janeiro. Entre as principais peças expostas estavam:

  • Crânio de Luzia, a mulher mais antiga do Brasil e uma das mais antigas das Américas, com cerca de 12 mil anos
  • Meteorito do Bendegó, o maior já encontrado no país, com mais de 5 toneladas
  • Fósseis de dinossauros e pterossauros (répteis voadores)
  • A maior coleção de antiguidades egípcias da América Latina, com 700 peças
  • Coleções de vasos gregos e etruscos (povo que viveu na Etrúria, na península Itálica)