Aluno morto na USP era brilhante, diz faculdade; docentes criticam silêncio
A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) divulgou hoje nota lamentando a morte do estudante Filipe Varea Leme, 21, na última terça-feira (30). O universitário foi encontrado morto debaixo de um armário que ele carregou até um elevador da Poli (Escola Politécnica), onde trabalhava como monitor de informática.
O comunicado foi divulgado um dia depois de uma reunião em que os professores e alunos lamentaram "o silêncio da Poli" após o incidente.
"A comunidade da Faculdade [...] está de luto em função do falecimento de Filipe Varea Leme", diz a nota. "Filipe era um estudante brilhante, filho único e orgulho de seus pais. Aos 21 anos, estava prestes a concluir o bacharelado neste ano de 2019."
Assina a nota Maria Arminda do Nascimento Arruda e Paulo Martins em nome da direção da Faculdade, que "se solidariza com a família e amigos".
"Silêncio"
A nota foi divulgada um dia depois de uma reunião na USP relatada pelo Informativo Adusp (Associação de Docentes da USP).
No encontro, a professora e vice-chefe do Departamento de Geografia, Valéria de Marcos, criticou o "silêncio" da Poli em todo o caso: "Acordei ontem com um peso gigante pelo silêncio que vem do outro lado [a Poli]. Soubemos da notícia pelos nossos estudantes. Do outro lado, falta humanidade no sentido de acolher, de estar com a gente. Precisamos de uma explicação. Não dá para ficar com esse silêncio."
O Informativo procurou a diretora da Poli, professora Liedi Bariani Bernucci, mas foi orientado a solicitar à assessoria de imprensa da Reitoria a nota oficial divulgada na terça sobre o caso. Na nota, a Escola Politécnica informa que criou uma comissão de sindicância para apurar os acontecimentos, que estão sendo investigados também pela Polícia Civil.
Maria Arminda, diretora da FFLCH, relatou no encontro que recebeu um telefonema da diretora da Poli "apenas no final da tarde" de terça comunicando o ocorrido.
"O que fiz na hora foi ficar em profundo silêncio. Fiquei chocada", disse. Em telefonema a seguir ao reitor da USP, Vahan Agopyan, a diretora disse que queria "não apenas fazer um protesto muito veemente, mas dizer que a faculdade não aceitava o que estava acontecendo".
"Isso é inaceitável, e a nossa indignação tem vários motivos. Primeiro, a universidade é o lugar da educação; segundo, a universidade é o lugar do acolhimento. Terceiro, não admito que ninguém desta casa seja tratado de um jeito que não deve ser tratado", afirmou Maria Arminda.
Uma cerimônia em homenagem a Filipe será organizada pelo Departamento de Geografia com a participação da família do estudante.
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