PA tenta achar líderes de rebelião; MJ oferece vagas de presídios federais
O governo do Pará afirmou nesta tarde que trabalha para "identificar os líderes das duas facções criminosas" envolvidas na rebelião que deixou ao menos 52 mortos, 16 deles decapitados, no Centro de Recuperação Regional de Altamira, na manhã de hoje.
Segundo o governo, conversa entre o governador Helder Barbalho (MDB-PA) e o ministro da Justiça, Sergio Moro, definiu que os responsáveis serão transferidos para presídios federais. Dez vagas serão destinadas para receber os criminosos, informou o Ministério da Justiça.
Segundo a pasta, o ministro "acompanha de perto a situação".
Representantes dos órgãos de segurança pública do Pará seguiram para Altamira, no sudoeste do Pará, no início desta tarde, para acompanhar as investigações, conforme informado pelo governo estadual.
A Susipe (Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará) afirmou que o presídio foi palco de uma guerra entre as facções criminosas CCA (Comando Classe) e CV (Comando Vermelho).
Os líderes do CCA colocaram fogo em uma cela que pertence a um dos pavilhões do presídio, onde ficavam integrantes do CV.
De acordo com o superintendente da Susipe, Jarbas Vasconcelos, o fogo na unidade, construída a partir de um contêiner, se espalhou rapidamente e alguns dos internos morreram por asfixia. Nenhum servidor do órgão foi morto, segundo a Susipe.
"Foi um ato dirigido. Os presos chegaram a fazer dois agentes reféns, mas logo foram libertados, porque o objetivo era mostrar que se tratava de um acerto de contas entre as duas facções, e não um protesto ou rebelião dirigido ao sistema prisional", afirmou Jarbas Vasconcelos. Não foram encontradas armas de fogo, segundo o governo, apenas estoques --facas improvisadas.
Ainda de acordo com a Susipe, nenhum relatório da inteligência do órgão detectou o confronto. "Não tínhamos informações sobre um ataque dessa magnitude", afirmou o superintendente.
Seguiram com o superintendente da Susipe para o município o titular da Segup (Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Ualame Machado; o comandante geral da Polícia Militar, coronel Dilson Júnior; e o delegado geral de Polícia Civil, Alberto Teixeira.
Segundo relatório divulgado hoje pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o presídio de Altamira, tem as condições do estabelecimento penal classificadas como "péssimas". O CNJ diz que a unidade abriga 343 presos, mais do que o dobro da capacidade, de 163 vagas. Já os agentes penitenciários somam 33.
Já o governo afirma que o presídio abriga 311 presos. "Não há superlotação carcerária na unidade, mas estamos aguardando a entrega de uma nova prisão pela Norte Energia, que deve ficar pronta até dezembro", diz Vasconcelos.
O governo estadual afirma que, em agosto, 485 novos agentes prisionais serão nomeados pela Susipe. Os novos servidores poderão portar armas, o que o superintendente diz acreditar, será uma importante mudança no panorama da gestão dos presídios do Pará.
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