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Psicólogo que fazia 'abraço terapêutico' é preso por suspeita de estupro

Reprodução de mensagem trocada pelo psicólogo com menor de idade - Divulgação/Polícia Civil do ES
Reprodução de mensagem trocada pelo psicólogo com menor de idade Imagem: Divulgação/Polícia Civil do ES

Daniel Leite

Colaboração para o UOL, em Juiz de Fora (MG)

02/08/2019 17h28

Um psicólogo foi preso ontem, em Linhares (ES), por suspeita de estupro de vulnerável e importunação sexual. O caso foi divulgado pela polícia para tentar identificar outras possíveis vítimas.

Nas sessões em seu consultório, segundo a polícia, Paulo Roberto Fontes Martins da Costa, 41, fazia o que chamava de "abraço terapêutico" com a finalidade de passar a mão em partes íntimas de uma menor de idade. Também ofereceu bebida alcoólica e fez atividades em que sugeria à paciente tirar a roupa e ficar só de calcinha.

As investigações começaram depois que a mãe de duas irmãs, uma com 12 e outra com 16 anos de idade, procurou a polícia.

Segundo as investigações, as duas garotas foram atendidas pelo psicólogo durante três meses, sem a presença da mãe. Quando a mais velha disse que não queria mais ir ao consultório, a mãe desconfiou e passou a observar o comportamento da outra.

No celular dela, descobriu mensagens de WhatsApp trocadas pela menina com Paulo Roberto, formado em uma faculdade de Linhares. "Vamos continuar com o abraço terapêutico? É pra vc trabalhar com seus desejos tá?... sem medo.. só se abrir ok", diz uma das mensagens --a mensagem está reproduzida no inquérito policial.

O "abraço terapêutico", segundo a delegada Gabriella Zache dos Santos, ocorria no início das sessões. Seria uma forma de ele se aproximar para abusar da irmã mais nova. "Ele abraçava a vítima e colocava a mão por dentro da roupa dela, nas partes íntimas, e passava a mão", diz a delegada. Em seguida, de acordo com a investigadora, Paulo Roberto perguntava se podia "avançar".

Também por WhatsApp, o psicólogo questiona se a garota quer continuar "travada" ou se ele pode continuar ajudando a ela "se soltar". Em seguida, insinua mais toques em suas partes íntimas: "Libera somente eu pegar no seu peito a hora que eu sentir vontade...se depois te incomodar vc me avisa... é um passo só".

De acordo com a delegada, durante as sessões também era feito um jogo de dados. Dependendo do resultado, a menor de 12 anos tinha a opção de ingerir bebida alcoólica ou ficar só de calcinha. A garota abaixou a roupa. Esse foi o único crime que o psicólogo admitiu, segundo a delegada: "Isso ele confessou".

Em outra sessão, a mais nova chegou a ingerir bebida alcoólica oferecida pelo suspeito como parte da "terapia", segundo ele disse para a polícia. Isso também aparece nas mensagens trocadas entre os dois. "Vc preferiu o licor... a vodka.. ou a skol beats? Ou duas delas?", ele pergunta.

Ao responder, no entanto, sobre as outras acusações, o suspeito negou.

Adolescente de 16 anos conseguiu se "desvencilhar" do psicólogo

Quando a polícia começou a investigar o caso, a irmã de 16 anos relatou que, ao reclamar de dores nas costas ao suspeito, ele ofereceu uma massagem na virilha dela, o que acabou acontecendo. Porém, diferentemente do que passou a irmã mais nova, a adolescente de 16 anos decidiu abandonar as sessões. Neste caso, o psicólogo vai responder por importunação sexual.

As duas vítimas fizeram exames para saber se houve relação sexual com o psicólogo, apesar de não terem relatado isso. Os resultados ainda não saíram.

A polícia pediu à Justiça autorização para a prisão preventiva do psicólogo. Ele ficará preso em Vila Velha (ES), onde há outros encarcerados por crimes sexuais.

O advogado de defesa do psicólogo, Wagner Buffon, disse que vai aguardar informações antes de se manifestar. "Em relação ao inquérito que apura as supostas condutas atribuídas ao senhor Paulo, nós aguardaremos o acesso à totalidade das informações contidas no referido inquérito para posteriormente nos manifestarmos."