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Caso Nardoni: Relator diz que se assustou com chance de progressão de pena

Alexandre Nardoni, 41, condenado pela morte da filha de 5 anos em 2008 - 08.mai.2008 - Fernando Donasci/Folhapress
Alexandre Nardoni, 41, condenado pela morte da filha de 5 anos em 2008 Imagem: 08.mai.2008 - Fernando Donasci/Folhapress

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

13/08/2019 19h24

O desembargador Luís Soares, relator do caso que decidiu hoje cassar a progressão prisional concedida a Alexandre Nardoni, analisa que o condenado precisa ser avaliado antes de voltar a viver em sociedade.

"Fiquei assustado com a possibilidade tão repentina de progressão de pena", analisa o magistrado em entrevista para a Rádio Bandeirantes. "É preciso mudar a lei, mas há requisitos para manter presos no regime mais gravoso".

A 4ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) decidiu ainda que Nardoni seja submetido ao teste de Rorschach, avaliação em que pranchas de borrões de tinta são utilizadas para que especialistas analisem o desenvolvimento de um indivíduo.

Desde abril deste ano, Nardoni, 41, estava no regime semiaberto, em que o detento pode deixar a prisão para trabalhar, voltando apenas para dormir. A decisão ocorre cinco dias após Nardoni deixar a prisão pela saída temporária do Dia dos Pais, outro benefício do regime semiaberto.

Por meio dessa progressão de pena, o detento também pode reduzir um dia de prisão a cada três dias trabalhados e tem o direito a até cinco saídas temporárias, de até sete dias, no decorrer do ano. Com a decisão de hoje, Nardoni perde todos esses benefícios.

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, 35, foram condenados pelo homicídio triplamente qualificado de Isabella Nardoni, 5, morta em 2008. Na ocasião, o júri entendeu que a criança foi asfixiada e jogada do sexto andar do prédio onde moravam o casal morava, na zona norte da capital paulista.

Por bom comportamento e após ter cumprido dois quintos de sua pena, Anna Carolina foi beneficiada com o regime semiaberto em agosto de 2017.

Carcereiros da penitenciária masculina de Tremembé dizem que Nardoni é um dos homens mais dedicados ao trabalho e estudo dentro do presídio. Entre os serviços que já fez estão a confecção de cadeiras, de ferro e madeira, utilizadas em escolas estaduais de São Paulo. Os funcionários locais elogiam o bom comportamento dele.