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Rio tem histórico de sequestros; em 2000, 2 morreram no caso do ônibus 174

12.jun.2000 - O sequestrador Sandro do Nascimento aponta arma para a cabeça da refém Luana Guimarães, na janela do ônibus 174, no Rio - Antonio Sforza / AFP Photo
12.jun.2000 - O sequestrador Sandro do Nascimento aponta arma para a cabeça da refém Luana Guimarães, na janela do ônibus 174, no Rio Imagem: Antonio Sforza / AFP Photo

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

20/08/2019 10h15

O sequestro de um ônibus na Ponte Rio-Niterói na manhã de hoje no Rio se soma a outros casos registrados ao longo dos últimos anos na cidade. No mais conhecido, o sequestrador e uma refém terminaram mortos no crime que ficou conhecido como "o sequestro do ônibus 174". A ação de hoje acabou após a polícia atirar no sequestrador e liberar os reféns.

Eram 14h20 do dia 12 de junho de 2000 quando Sandro Barbosa do Nascimento, 21, entrou no ônibus 174 (Central-Gávea) com um revólver calibre 38. Um passageiro conseguiu sinalizar para um carro de polícia 20 minutos depois, e o ônibus foi interceptado.

Alguns passageiros foram liberados, enquanto outros conseguiram escapar, como o cobrador e o motorista. Dez mulheres permaneceram no ônibus como reféns. Uma delas, Janaína Lopes Neves, foi forçada a escrever na janela com batom vermelho as frases "ele vai matar geral às seis horas" e "ele tem pacto com o diabo".

A tragédia se deu quando Sandro saiu do ônibus usando a professora Geísa Firmo Gonçalves, 20, como escudo. Um policial do Batalhão de Operações Especiais tentou atirar no sequestrador, mas errou e atingiu a professora de raspão. Sandro, então, disparou outros três tiros nas costas de Geísa, que morreu.

Sandro também acabou morto ao ser asfixiado dentro do carro policial em um episódio em que os policiais foram levados a julgamento, mas acabaram inocentados.

Outros casos

Em junho de 2015, um homem fez uma jovem refém após sequestrar um ônibus da linha 125 (General Osório x Central) em Copacabana, na zona sul do Rio, na manhã de um domingo.

Anderson Pinheiro dos Santos, 31, embarcou algumas paradas antes de Leila Lima, 26, que seria feita refém minutos depois. Assim que ele embarcou, Santos a agarrou pelo abdômen fazendo sinal de que estava armado, o que não se confirmou.

O motorista dirigiu o ônibus por algumas quadras e parou perto de uma delegacia. Avisados, agentes do próprio Departamento de Polícia foram negociar a rendição, que ocorreu sem reação.

Apesar de ter passagem por roubo, o suspeito não pretendia praticar o mesmo crime. "Ele avisou a todo momento que não iria machucá-la e não queria nenhum bem material", contou a delegada. "Ele só queria a presença da imprensa."

Leila Lima contou que voltava do trabalho. "Ele não fez nada, só me ameaçou. Disse que estavam tentando matá-lo e queria me usar como escudo", declarou.

Ameaçados com tesoura

Um ano antes, o motorista Júlio César e uma adolescente de 17 anos foram mantidos reféns em um ônibus na avenida Brasil. Rafaela Lobo estava na linha 723 quando o sequestrador Paulo Alberto Ferreira da Silva, 32, tomou o ônibus, na tarde de um sábado, 10 de maio.

Os passageiros conseguiram escapar, menos Rafaela e Júlio César. O sequestrador tinha uma tesoura com a qual ameaçava os reféns e que, segundo a polícia, pode ter sido comprada naquele mesmo dia, já que a embalagem estava no ônibus.

Depois de duas horas de negociação com policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais), o homem se entregou. Ele tinha cinco passagens pela polícia por furto ou roubo, resistência e uso de entorpecente.

2011 foram três sequestros

O ano de 2011 foi marcado por esse tipo de crime. Foram três no estado. Na noite do dia 9 de agosto, criminosos mantiverem 20 reféns em um ônibus 427C por cerca de uma hora no centro da cidade.

Cinco pessoas terminaram feridas, quatro pessoas foram presas. Na época, os passageiros afirmaram que só a polícia atirou. Uma mulher teve o pulmão perfurado, outra foi baleada na coxa, enquanto um homem levou um tiro de raspão na perna e outro foi baleado no pescoço.

Segundo a polícia, nenhum tiro foi dado de dentro do ônibus. Os disparos tinham os pneus do ônibus como alvo.

No dia 25 do mesmo mês, oito homens encapuzados e armados com fuzis e pistolas assaltaram um micro-ônibus e uma van, que passavam pelo viaduto do Gasômetro, zona portuária do Rio. Entre as vítimas, nove estrangeiros: seis americanos, dois canadenses e um porto-riquenho.

Após o assalto, os criminosos fizeram um taxista refém e fugiram. Tratava-se de um grupo de funcionários da empresa Odebrecht que havia deixado o hotel Guanabara Palace, no centro, e seguia para o aeroporto do Jacarepaguá, de onde iriam para Santos (SP).

Dois passageiros ficaram feridos e foram levados para um hospital no centro da cidade.

O outro caso aconteceu no dia 22 de outubro, quando um homem de 19 anos fez uma mulher refém ao anunciar um assalto em um ônibus lotado em Niterói, região metropolitana do Rio.

Segundo a polícia, o homem entrou no coletivo por volta das 20h portando uma faca. Policiais militares que passavam pelo local perceberam o movimento e cercaram o veículo. O homem, então, puxou a mulher para usá-la como escudo.

Houve uma rápida negociação com o homem, que, embora parecesse alterado, liberou a refém.