15 mortes no Fallet: PM conclui que policiais não praticaram crime em ação
Resumo da notícia
- Inquérito da PM conclui "ausência de crime ou transgressão" dos policiais
- Polícia Civil e MP ainda investigam as circunstâncias das mortes
- Operação policial teve recorde de mortes sob Wilson Witzel (PSC)
O inquérito instaurado pela Polícia Militar do Rio de Janeiro para investigar operação em morros da região de Santa Tereza, na região central da capital, que terminou ao todo com 15 mortos em 8 de fevereiro, concluiu "ausência de crime ou transgressão por parte dos policiais militares envolvidos no caso". A conclusão foi relatada pela Polícia Militar por meio de nota após consulta do UOL.
O IPM (Inquérito Policial Militar) é uma medida instaurada pelo comando da corporação após ser identificada uma operação que resultou em lesão corporal ou morte. As conclusões foram remetidas ao Ministério Público do Rio de Janeiro. A Polícia Civil e o MP ainda investigam as circunstâncias das mortes.
Ao todo 15 pessoas morreram nas ações policiais nos morros do Fallet, Fogueteiro e Prazeres. No entanto, o IPM foi realizado apenas sobre 13 mortes: sete pessoas foram mortas em uma casa no Fallet, outras quatro em duas casas próximas, uma no Fogueteiro e outra no Fallet. Dois dias depois, outros dois corpos foram encontrados em região de mata no Morro dos Prazeres.
Caso teve recorde de mortes sob Witzel
A operação ocorrida em fevereiro nas comunidades de Santa Teresa registrou o maior número de mortes durante o mandato do governador Wilson Witzel (PSC), tendo sido a mais violenta pelo menos desde 2013.
Na ocasião, o governador utilizou as redes sociais para declarar que a operação foi legítima.
"Quero reafirmar aqui a minha confiança na Polícia Militar (...) O que aconteceu no Fallet-Fogueteiro foi uma ação legítima da Polícia Militar. Agiu para defender o cidadão de bem. Não vamos mais admitir qualquer bandido usando armas de fogo, de grosso calibre, fuzis, pistolas, granadas, atentando contra a nossa sociedade. Vamos continuar agindo com rigor", disse o governador em vídeo publicado nas redes sociais.
Famílias dizem que rapazes estavam rendidos
A operação da Polícia Militar ocorreu dois dias após a região registrar intensos confrontos entre as facções Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro. De acordo com a polícia, a região passava por uma disputa de traficantes por territórios.
Para intervir na disputa, a PM deflagrou uma operação "tendo como principal preocupação a preservação de vidas", segundo disse a corporação na ocasião.
No entanto, sete pessoas morreram dentro de uma casa no Fallet que foi cercada durante a operação. As vítimas tinham entre 15 e 22 anos.
A comunidade diz que a PM promoveu uma chacina na favela. Pedro Daniel Strozenberg, ouvidor-geral da Defensoria Pública do estado, afirmou em fevereiro que havia fortes indícios de fuzilamento durante a ação dos PMs.
A Polícia Militar disse que os agentes reagiram a disparos.
Parentes das vítimas mortas na casa afirmaram que os rapazes já estavam rendidos quando foram mortos pelos policiais. Eles relataram que houve correria com a chegada da polícia na favela e que um grupo entrou na casa para se esconder.
Uma mãe que perdeu dois filhos na operação relatou à Defensoria Pública do Estado que os garotos foram torturados por 40 minutos antes de serem mortos por PMs. Os irmãos de 17 e 22 anos morreram na casa deles onde viviam com a mãe. Parentes confirmaram o envolvimento deles com o tráfico de drogas, mas negaram que estivessem armados durante a chegada da polícia no imóvel.
A Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio de Janeiro, que acompanha o caso, informou que parentes dos rapazes relataram marcas de facada nos corpos.
O Ministério Público do Rio teve acesso a um vídeo que mostra um carro do Batalhão de Choque da PM em frente à casa do Fallet onde foram localizados os mortos. Nas imagens, é possível ver os suspeitos sendo colocados na caçamba da viatura que seguiu para o hospital.
"Eles foram jogados no carro de qualquer jeito. Isso é socorro?", questionou a mãe de um deles que não teve o nome revelado.
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