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Mortos em ação da PM no Rio receberam 40 tiros de fuzil, diz jornal

Polícia forense inspeciona lugar onde suspeitos foram mortos pela polícia no Fallet, Rio - Pilar Olivares/Reuters
Polícia forense inspeciona lugar onde suspeitos foram mortos pela polícia no Fallet, Rio Imagem: Pilar Olivares/Reuters

Do UOL, em São Paulo

21/02/2019 09h15

Laudos da necropsia de 13 pessoas mortas durante operação da Polícia Militar nos morros do Fallet-Fogueteiro, Coroa e Prazeres, na região central do Rio de Janeiro, no dia 8 de fevereiro, mostram que elas foram atingidas por mais de 40 tiros. 

Segundo reportagem de "O Globo", publicada hoje, que teve acesso ao documento, os disparos foram feitos com fuzis e em uma das vítimas foram efetuados a uma curta distância. 

O UOL apurou que em vez de 13 mortos a ação resultou na morte de 15 pessoas, pois moradores do Morro dos Prazeres afirmaram ter encontrado outros dois corpos logo após a ação da PM.

Felipe Guilherme Antunes, 21, foi morto dentro de uma casa junto a outras oito pessoas no morro do Fallet. No seu corpo foram encontradas sete perfurações no rosto, barriga e braços.

Três das sete perfurações foram feitas no tronco e rosto a curta distância. Ele foi o que recebeu mais tiros, de acordo com laudo assinado pelo perito Reginaldo Franklin Pereira.

A mãe de Felipe havia dito que o filho foi morto esfaqueado, mas a perícia mostrou que não houve ferimento feito por faca em nenhum corpo. Também não há sinais de tortura.

Ainda segundo "O Globo", além de Felipe, Roger dos Santos Silva, 17, também recebeu tiros no rosto. Os oito mortos dentro da casa receberam pelo menos dois tiros cada uma, quatro deles foram alvejados nas costas e na frente, cinco tiveram apenas disparos feitos pela frente. 

Todos os corpos das vítimas foram levados pela polícia para o hospital Souza Aguiar, no centro do Rio, mas chegaram sem vida à unidade de saúde. 

Ainda segunda a reportagem de "O Globo", os laudos das outras quatro pessoas que morreram foram da casa mostraram que Gabriel da Silva Carvalho, 22, foi o único atingido por tiros de trás para frente.

Segundo a reportagem, o perito legista aposentado Leví Inimá de Miranda, que analisou os laudos, disse que "a quantidade de tiros nas vítimas, a presença de disparos à curta distância e a cena do crime desfeita são indícios fortes de execução".

A PM sempre afirmou que os jovens morreram em confronto, após os policiais cercarem a casa onde os traficantes estavam, no Fallet.

Familiares reconheceram que o grupo tinha ligação com o tráfico, mas dizem que os jovens, entre 15 e 22 anos, foram rendidos e mortos pelos policiais. A comunidade diz que a PM promoveu uma chacina na favela. 

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), a classificou como "legítima" e afirmou que a PM agiu para "defender o cidadão de bem". Já a Defensoria Pública do Rio afirmou que existem fortes indícios de fuzilamento na operação.

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