Menor é suspeita de matar irmã grávida e arrancar bebê para dar a cúmplice
Uma menina de 13 anos está apreendida desde a manhã de hoje, em Porto Velho, suspeita de assassinar a irmã grávida, de 23, e o sobrinho, de 7. De acordo com a Polícia Civil de Rondônia, a adolescente confessou o crime em depoimento.
A adolescente contou que retirou o bebê que estava na barriga da vítima para entregar ao cúmplice do duplo homicídio, um adolescente de 15 anos, também apreendido e confesso do crime.
O corpo da mulher foi encontrado ontem próximo a um lago artificial usado para retirar barro para produção de cerâmica, no bairro Tropical. Os bombeiros acharam o filho dela de 7 anos um dia antes, no domingo (20), boiando na cava.
Segundo a Delegacia de Homicídios, a mulher estava grávida de oito meses. O cadáver encontrava-se com a parte do corpo de baixo enterrada e com a barriga cortada. O bebê, um menino, foi localizado na casa do adolescente cúmplice do crime. A Polícia Civil suspeita que a mãe dele tenha participado do duplo homicídio.
A vítima teria morrido primeiro ao ser golpeada primeiramente com barras de ferro e depois cortada com uma faca. O filho dela presenciou o crime e posteriormente foi morto afogado no lago.
Os próprios adolescentes quem teriam arrancado o bebê da vítima com uso de um objeto cortante, segundo a investigação.
"A vítima tinha várias lesões no crânio, facadas na região do tórax, a barriga dela estava cortada e a gente sabia que ela estava grávida, cerca de oito meses de gestação. Um menino, inclusive. Foi feito um parto nessa pessoa de forma bem grosseira. A pessoa não tinha habilidade técnica para fazer isso", disse a delegada Leisaloma Carvalho, que comanda o inquérito.
"Inclusive, você perceberá pelo laudo, que virá posteriormente, que as camadas cortadas da pele foram longitudinal, horizontal, uma forma que não seria de um parto como se tivesse sido feito. O instrumento ou foi faca ou estilete, mas não bisturi", completou ela.
Os laudos ainda devem apontar a data exata em que teriam ocorrido os homicídios.
Motivo do crime
Em depoimento, de acordo com a Polícia Civil, a adolescente confessou o crime alegando maus-tratos por parte da irmã. A vítima não morava com o pai do filho dela.
"[A suspeita] queria matar a irmã porque diz que era maltratada dentro de casa. A gente já apurou que ela tinha um comportamento dentro de casa um pouco trabalhoso, saía para beber, fugia da escola e a irmã procurava por ela e chamava a atenção. Ela não gostava disso", explicou Leisaloma.
Já o adolescente de 15 anos disse que teria aceitado participar do crime porque gostaria de pegar o bebê da vítima para ajudar sua mãe a enganar o padrasto. A mãe do suspeito estaria simulando uma gravidez para o namorado, e o filho viu no duplo homicídio uma oportunidade para apresentar uma criança como se fosse herdeiro do companheiro dela.
De acordo com a Polícia Civil, o adolescente isenta a mãe da execução e diz que a participação dele se deu na retirada da criança da barriga da irmã da cúmplice. Ele alega que a adolescente foi quem arremessou o menino de 7 anos no lago para matá-lo afogado.
"Ele queria a criança porque a mãe dele estava namorando, segundo ele, com um garimpeiro e ela [mãe] queria, nas palavras dele, sair da pobreza dizendo que estava grávida. Ela tem um corpo com um pouco de barriga, nisso estava simulando uma gravidez e já iria aparecer com essa criança. Então a mãe tinha conhecimento. Ela só queria a criança e ele diz que a mãe não participou do ato executório em si, mas foi lá e, inclusive, ajudou a cortar a barriga da vítima para retirar a criança", contou a delegada.
O bebê foi localizado hoje na casa do adolescente no momento da apreensão, sendo levado em seguida para o Hospital de Base de Porto Velho. No último boletim divulgado pela unidade, ele apresentava quadro estável de saúde. A família materna o acompanha.
A mãe do adolescente suspeito não estava na residência no momento da chegada da Polícia Civil. Ela é investigada, mas por enquanto, a Delegacia de Homicídio ainda não pediu a prisão à Justiça.
Adolescentes não demonstram arrependimento
Ainda de acordo com a Polícia Civil, os adolescentes não consideraram estar arrependidos do crime. Nos depoimentos, ambos não choraram e se demonstraram bastante frios.
"A menina está bem fria. Não demonstra qualquer arrependimento, não demonstra sinal de estar comovida ou sentida ou arrependida com o que aconteceu. O outro adolescente também, em nenhum momento houve choro ou lástima pelo o que aconteceu e eles falam de forma muito tranquila. Chega até a nos causar certa ojeriza de ver esse tipo de situação", disse a delegada de Homicídios.
A Polícia Civil aguarda pela decretação de internação provisória dos adolescentes. A investigação ainda quer saber se outras pessoas participarem diretamente do duplo homicídio, o que não ficou claro nos depoimentos dos suspeitos menores de idade em razão de contradições.
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