Jovens se divertindo foram trucidados, afirma ex-ministro da Justiça
Em reunião extraordinária nesta segunda-feira, integrantes da Comissão Arns — coletivo que atua em situações em que há graves violações de direitos humanos — decidiram acompanhar de perto a investigação sobre a atuação da Polícia Militar em Paraisópolis, São Paulo.
A ação truculenta dos policiais durante um baile funk com 5.000 pessoas gerou tumulto. Nove jovens entre 14 e 23 anos foram pisoteados e morreram por asfixia mecânica, segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML).
"O caso é gravíssimo. É uma população pobre que estava se divertindo e de repente é trucidada pelos agentes do Estado", afirma o ex-ministro da Justiça e advogado José Carlos Dias, um dos membros da Comissão Arns. "Temos o dever de interceder e cobrar do poder público que os fatos sejam apurados com todo o rigor e que os responsáveis sejam punidos."
Os seis policiais envolvidos na ação foram retirados das ruas.
O governador de São Paulo, João Doria, responsável pela atuação das polícias, negou que as mortes tenham relação com a ação dos policiais militares.
"A letalidade não foi provocada pela Polícia Militar e, sim, por bandidos que invadiram a área onde estava acontecendo o processo", declarou Doria, em entrevista coletiva após o ocorrido.
Para Dias, o governador "deve ter dito uma frase infeliz".
"Espero que Dória seja bastante enérgico para determinar a apuração rigorosa. Temos que exigir que a segurança pública seja executada garantindo o direito de fazer festa, de se distrair, com proteção da polícia e não perseguição", diz.
Em nota, a Comissão Arns expressa seu "estarrecimento" e "profunda indignação" com a morte dos jovens "sob responsabilidade da Polícia Militar do Estado de São Paulo".
Cobra das autoridades transparência e eficiência nas investigações para determinar as responsabilidades e expõe preocupação com o "arbítrio e a violência do Estado que se abate sobretudo contra a população jovem e negra que habita as periferias brasileiras".
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