Padrasto é preso por morte de bebê em Praia Grande; mãe também está detida
Ronaldo Silvestrini Junior, 22, foi preso em flagrante na madrugada de hoje, suspeito de espancar e matar o enteado, um bebê de um ano e três meses, na noite de ontem, na Praia Grande, litoral sul de São Paulo. Ele está detido na Delegacia Sede da cidade e vai responder por homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, uso de meio cruel, tortura, sem chance de defesa à vítima, e porte de entorpecente para consumo próprio.
A mãe do menino, Giulia de Andrade Cândido, 21, está detida no 2º Distrito Policial de São Vicente. Inicialmente, ela vai responder por falso testemunho. Até o momento, ambos não têm defesa constituída e devem ser assistidos por um defensor público na audiência de custódia, prevista para amanhã.
Por volta das 23h40 de ontem, o padrasto levou o menino à Unidade de Pronto Atendimento Samambaia. Testemunhas relataram à polícia, que Júnior chegou ao local, aparentemente desesperado, dizendo que a criança, já sem vida, havia sido mordida por um cachorro de estimação da família. No entanto, ao ser questionado pelo médico plantonista, diante do estado do corpo da criança, ele começou a apresentar diversas versões contraditórias.
"Primeiro ele disse que foi o cachorro, depois disse que as marcas eram por causa de uma queda, e quanto mais a gente perguntava, mas ele se se contradizia e inventava histórias", disse uma testemunha, que pediu para não ser identificada.
A mãe do menino chegou ao Pronto Atendimento depois de alguns minutos, acompanhada do filho mais velho, de cinco anos, e também não soube explicar com clareza os diversos hematomas que haviam no corpo do bebê.
"Quando pegamos o menino ele já estava duro, não tinha mais o que fazer. Pelo estado do corpo, ele deve ter morrido umas cinco horas antes de chegar na unidade. E a mãe ainda tentou jogar a culpa no filho mais velho, dizendo que ele que tinha matado o irmãozinho. No mesmo instante a coordenadora chamou a polícia", contou a testemunha ouvida pelo UOL.
A SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) responsável pela assessoria de imprensa do Pronto Atendimento Samambaia disse que só poderia divulgar o laudo médico da criança com autorização expressa da família. A Polícia Civil, no entanto, afirmou, que o corpo do bebê está sendo submetido a exames necroscópicos no Instituto Médico Legal (IML) nesta tarde.
Alexandre Comin, delegado responsável pelo caso, diz não ter dúvidas da autoria do homicídio. "Eles não confessaram, mas os indícios levam a crer que o padrasto matou. E a mãe, a todo o momento defendendo-o, e dando três ou quatro versões diferentes, acabou presa por falso testemunho, mas não temos provas de que tenha contribuído com o crime".
A mãe da criança estava trabalhando ontem à noite e chegou em casa por volta das 20 horas. Naquele momento, o padrasto teria dito a ela que o menino havia acabado de mamar e estava dormindo no berço. Giulia chegou a sair novamente para comprar um lanche para o filho mais velho, e por volta das 23 horas foi até o berço, porque estranhou o fato de o menino não acordar novamente. Ela, então, teria percebido que o filho já estava sem vida.
Drogas e múltiplas fraturas
Acostumado a lidar com tragédias e crimes brutais, o delegado, com a voz embargada, descreve o estado do corpo da criança: "Estava com múltiplas fraturas, clavícula quebrada em quatro partes, nariz quebrado, sangramento no umbigo, duas costelas quebradas de cada lado do corpo, hematomas na testa, na cabeça, no rosto, e um monte de mordidas no rosto dadas pelo indiciado, o autor do homicídio. Uma cena bem cruel mesmo".
De acordo com a polícia, o homem é usuário de drogas e isso pode ter contribuído para que ele cometesse o crime. "Ele provavelmente deve ter usado cocaína a tarde inteira e a criança deve ter chorado, e ele fez essa barbaridade", diz o delegado.
Várias testemunhas foram ouvidas desde a madrugada pela polícia. A avó materna da criança, que mora em Bauru, no interior de São Paulo, depôs pela manhã. "Ela falou que a filha é um monstro, fria, calculista e que já bateu no neném outras vezes. Foram as palavras dela no depoimento", afirma o delegado.
O que deve acontecer com o casal
Após a audiência de custódia, o delegado acredita que Júnior deve permanecer preso e ser transferido para um Centro de Detenção Provisória da cidade.
No caso da mulher, é possível que a Justiça lhe conceda liberdade provisória, porque ela não foi autuada pelo crime em si, e comprovou que estava trabalhando no momento em que o filho foi morto, embora, para o delegado, ela tenha sido conivente com os maus tratos recorrentes. "Eu não achei provas para prendê-la em flagrante pelo crime de homicídio como as que consegui dele. Ele realmente praticou homicídio, ela não", diz Comin.
O casal não tinha passagens pela polícia. O Conselho Tutelar foi acionado e concedeu a guarda provisória do filho de cinco anos da mulher para a avó materna, que já está com o menino. O pai do bebê que foi morto está preso acusado de tráfico de drogas. A reportagem não conseguiu localizar nenhum parente paterno do menino para comentar o assunto.
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